MADEIRA em toro e em quantidades não especificadas continua a ser exportada para China sem o devido processamento previsto na lei sobre florestas. Os novos canais de saída ilegal da madeira são o Porto de Nacala, em Nampula e Malawi, através das fronteiras de Milange na Zambézia e Cuchamano em Tete.
Uma vez no Malawi a madeira moçambicana é transportada para África do Sul para depois ser transferida para navios de grande calada, com destino a China. Estes dados foram tornados públicos na Cidade de Quelimane, capital provincial da Zambézia, durante a apresentação de um estudo sobre a exploração florestal na Zambézia encomendado pela Associação Rural de Ajuda Mútua (ORAM).
O Grupo de Consultores pertencentes a uma organização denominada Amigos de Florestas e Justiça Ambiental que fez o estudo esteve em algumas regiões da China onde diz ter encontrado grandes quantidades da madeira em toro de várias espécies extraída da província da Zambézia.
De acordo o orador, o consultor Daniel Lemos, e a crer nas fotos exibidas na ocasião, madeira em toro cortada na Zambézia está a ser exportado para China, tendo como principais portas de saída o Porto de Nacala e Malawi e neste último pais, por não ter acesso ao mar, a madeira da Zambézia quando chega naquela pais é transportada para a África do Sul, seguindo depois para o referido país.
Os pesquisadores e o cidadão comum não têm acesso à informação que garanta a transparência destas actividades.
Há uma discrepância total dos números das exportações entre os Serviços Provinciais de Florestas e Fauna Bravia da Zambézia, as Alfândegas, Associação dos Madeireiros e de outras agências envolvidas no processo de exportação, o que deixa aos analistas e com uma forte intuição da ocorrência de eventuais esquemas de corrupção.
Por exemplo, o estudo apresenta dados muito preocupantes sobre o pau-preto. Apesar de ser uma espécie autorizada para ser exportada sem processamento, há situações bastante inquietantes. Daniel Lemos afirmou quando abordado pela nossa Reportagem que o Ministério da Agricultura tinha atribuído à província a cota de 100 metros cúbicos desta espécie, e os Serviços Provinciais de Florestas e Fauna Bravia forneceu dados de 400 metros cúbicos, as Alfândegas 800 metros cúbicos e o que foi encontrado na China pelos Consultores é extremamente alto, 15 mil metros cúbicos. “ Um terço deste volume de madeira foi tirada da Zambézia”, disse Daniel Lemos.
O Estudo aponta igualmente problemas de negligência, falta de transparência, corrupção, e licenças falsas que estão a circular.ESTUDO RECOMENDA PESQUISAS
O estudo recomenda o investimento na pesquisa e desenvolvimento do mercado de produtos de madeira processada e de produtos de madeira na China e outros países. A madeira que é exportada para o referido país , segundo imagens exibidas, são artigos de alta qualidade.
Daniel Lemos afirmou igualmente que o processamento de qualidade no pais pode criar capacidade industrial e criar mais postos de emprego. O consultor, que falava à nossa Reportagem, disse que o número de concessões na província da Zambézia cresceu muito estando na ordem de 32, mas o grande problema é a qualidade de processamento das serrações que só ajuda o mercado chinês.
“É preciso acrescentar o valor à madeira, dando mais concessões e exigir planos concretos de maneio”, disse o nosso entrevistado para quem o que acontece actualmente na província da Zambézia é contrário ao desenvolvimento do empresariado do ramo; ou seja; os que têm serrações a processar com alta qualidade, não tem concessões e os que têm concessão não têm serração.
Neste momento há quatro concessões florestais que estão à espera de autorização.
O estudou insta igualmente o governo moçambicano a interceder junto do governo chinês, para promover a importação de madeira processada por parte das suas empresas estatais.
A par disto, há uma necessidade de desenvolver um sistema para utilizar o fundo de 15 por cento para replantação, pagar às comunidades para estabelecerem viveiros e efectuarem os trabalhos de replantio, apoiar as concessões comunitárias e estabelecer o maneio florestal sustentável em beneficio dos pobres, ligar as bases de dados de licenciamento e das infracções a um sitio da internet, com acesso aberto ao público entre outras.
CONCLUSÕES DISCUTÍVEIS
Entretanto, o Chefe dos Serviços Provinciais de Florestas e Fauna Bravia na Zambézia, António Chibite, disse quando entrevistado pela nossa Reportagem que nem tudo o que aparece no relatório é verdade.
Afirmou que nenhuma espécie da madeira da primeira é exportada sem o processamento porque a lei de florestas é clara quanto ao assunto. As espécies da primeira referidas são a umbila, jambire que não podem, segundo a lei serem exportadas sem o devido processo.
Quanto os 15 mil metros cúbicos da madeira encontrada na Chinde António Chibite negou categoricamente que tenham sido exploradas a partir da província da Zambézia, uma vez o número de licenças simples registadas não ultrapassar uma centena. “ Muita coisa que aparece neste estudo é muito discutível mas devo dizer que nem tudo é verdade”, disse a fonte.
- Jocas Achar