Dois talentos profissionais esclarecidos Decidiram extinguir a Crise
E, conseguiram
Abençoada Aliança Estratégica
Por Lemos Brito
Em Moçambique, nos finais dos passados anos 50, foi adjudicada a pavimentação asfáltica da EN1, entre Xai-Xai e Lindela. Pela primeira vez, devido à urgência da obra, o contracto previa um prémio de antecipação do prazo. O adjudicatário concorreu com um horário de trabalho de 24 horas diárias. A obra tinha a extensão de 230 km o que permitiu amortizar o equipamento em dois anos. Os trabalhos concluíram-se nos finais dos anos 60. Como não havia novas obras, por falta de verba, todo o pessoal foi despedido. Esta decisão abrangeu também a fiscalização da obra. O desemprego causou alvoroço e preocupação. Os Serviços de Obras Públicas conseguiram arranjar dotação para mais 70 km, que deram para fazer a ligação do Xai-Xai com a Praia e os acessos, a Lindela Maxixe e Inhambane. Passados 7 meses estavam de novo, no desemprego, todos os participantes na obra.
Como as dotações estavam, como sempre, demoradas, o Director das Obras Públicas sugeriu ao adjudicatário que diligenciasse um financiador. Este apareceu com o empréstimo apenas com uma condição, o Estado teria que ser fiador. O Estado, de imediato, afiançou o empréstimo. O dinheiro ficou no Banco para serem pagas, mensalmente, as quantidades de trabalho feitas. Os encargos com o financiamento, inicialmente eram, todos, do empreiteiro. À medida que os trabalhos decorriam os encargos passavam, proporcionalmente, para o Dono da Obra, aliviando o adjudicatário do complemento do encargo restante. Na entrega da obra os encargos financeiros eram, na totalidade, do Dono da Obra. O desemprego baixou para valores satisfatórios.
Tanto o dono da obra como o adjudicatário convergiram no propósito comum de conseguirem o seu objectivo, ou seja, levar a efeito uma obra satisfatória para todos os participantes e também para os utilizadores. O primeiro como dono de obra efectivo, que tem por missão fomentar o desenvolvimento através da indústria de construção. O segundo, por vocação profissional, mobilizou: pessoas, capitais, encomendas e a direcção técnica para erguer a obra. Os dois intervenientes principais estavam convictos do bom desfecho da obra. Esta fé deu origem a una aliança estratégica cujos resultados se traduziram num evento bem sucedido, sem problemas de maior. Os factores decisivos, para este feliz desfecho podem, em síntese, identificarem-se: confiança mútua, apoio dos dirigentes principais, decisões ao nível da execução dos trabalhos, objectivos fundamentados no ganho recíproco, identificação de obstáculos internos e promoção da cooperação na sua remoção, director técnico indigitado como líder do empreendimento e decisões ligadas a objectivos concretos.
O facto do empreiteiro se libertar dos encargos financeiros, à medida que o trabalho decorria, fez crescer a produtividade e o nível de vida das gentes. O empreendimento constituiu uma medida económica em que todos os intervenientes ganham. O dono de obra angariou um equipamento em antecipação, o empreiteiro libertou-se de todos os encargos financeiros mais cedo e com isso reduziu os seus encargos administrativos o que deu mais-valia à sua remuneração, os trabalhadores aumentaram o seu salário e os utilizadores foram servidos mais cedo. O pagamento atempado da obra, foi benéfico para todos.
A dimensão da obra Maxixe – Rio Save – 310 km – e o horário de trabalho permitiram amortizar todo o equipamento em 2 anos. Além disso o equipamento foi posteriormente vendido e utilizado em trabalhos agrícolas, que são, por natureza, mais leves do que os pesados da construção civil.
SAVANA – 29.05.2009