- Trata-se duma medida do frelimista Chale Ossufo que visa encostar todos aqueles que serviram o mandato do seu antecessor, Manuel dos Santos, da Renamo
– O novo autarca da cidade de Nacala-a-Porto, Província de Nampula, Chalé Ossufo, já está a mexer com toda máquina que garante o funcionamento da edilidade. Ele não tem ainda cem dias no poder. A primeira medida que tomou e que está a despertar atenção foi orientar muitos quadros formados a custa do Estado para os serviços de limpeza, sobretudo na recolha de lixo.
Chale Ossufo, eleito pelo partido Frelimo, deixou claro que independentemente da competência profissional do funcionário, não pretende de forma alguma manter por perto do seu gabinete todos aqueles que tenham servido o mandato do seu antecessor, Manuel dos Santos, da Renamo. Manuel dos Santos, refira-se, foi seu mais directo rival nas últimas eleições autárquicas, tendo conseguido suplantá-lo apenas na segunda volta do pleito, depois de na primeira nenhum dos candidatos ter conseguido reunir acima de cinquenta por cento dos votos.
A atitude de Chale Ossufo de mandar para a limpeza da cidade indivíduos com competência qualificada para servir outras áreas só por terem servido o mandato do seu antecessor está a suscitar muita polémica no seio dos autarcas locais. Para alguns, isso além de constituir abuso, peca sobretudo por desvalorizar todo o esforço empreendido pelo autarca cessante que consistiu em dotar a edilidade com funcionários formados. É uma espécie de desperdício de cérebros. Muita gente em Nacala sente-se ferida com essa situação, principalmente os que aindareconhecem o bom trabalho realizado por Manuel dos Santos em prol dos nacalenses.
Manuel dos Santos ainda goza de forte simpatia por parte dos nacalenses, em parte devido a sua boa postura política, tendo sabido conviver com todos os funcionários que encontrou da edilidade, incluindo alguns de confiança política do seu antecessor, José Caetano e não só, todos indicados pela Frelimo.
O que torna mais inquietante aos funcionários abrangidos pela medida de Chale Ossufo é o facto de muitos deles não possuem cometimento político com nenhum partido, apenas estão no Município para servir os interesses dos nacalenses.
O Autarca apurou em Nacala que os funcionários foram exonerados das suas anteriores posições através do despacho n° 09/GP/2009, sendo que um total de 27, na sua maioria formados em áreas especificas com fundos do Estado, foram os mais sacrificados ao serem movimentados para os serviços de limpeza e saneamento.
Depois de tornado público o despacho em alusão, os funcionários fizeram questão de contar ao nosso jornal para denunciar a sua discordância em relação a decisão do autarca. “Achamos não ser justo que um indivíduo formado como especialista em combate a erosão, por exemplo, vá recolher lixo apenas para satisfazer caprichos de um político-partidário”.
O despacho, cuja cópia tivemos acesso, inclui nomes como do então chefe dos recursos humanos, Francisco Abudo, actualmente a frequentar o terceiro ano universitário; Inusso Buana, chefe das operações; e Arlindo Ali, chefe do posto administrativo de Mutiva, que desde o passado dia 18 de
Maio, passaram a varrer as estradas de Nacala-a-Porto.
Verónica Dicossegane Abujate, formada em secretariado e que vinha exercendo a função desde os tempos do presidente José Caetano, e Victorino Adriano Savula, o mais antigo quadro da edilidade, também a partir da mesma data passaram a recolher lixo no Município.
A decisão já está criando um mau ambiente no seio da própria instituição, mas até aqui ninguém mostrou-se renitente._ (Acle Clementin)
O AUTARCA – 28.05.2009