O rio Guiúa atravessa a missão de Santa Isabel. A sua nascente surge bem perto da missão. Embora magro, o seu caudal é perene e desagua um pouco mais abaixo, nas águas da Baia de Inhambane. A nascente do Guiúa é vital para a cidade de Inhambane, pois abastece a cidade através de uma conduta de 14 quilómetros.
A palavra Guiúa, em língua bitonga, significa deserto. Com a água do rio e a precipitação regular, este grande areal de dunas tornou-se um deserto florido. Abundam os coqueiros e os cajueiros. Da areia, a população consegue arrancar, com grande sacrifício, um pouco de mandioca, feijão, amendoim e pouco mais.
Junto às margens férteis do rio Guiúa – machongo – cultivam-se dezenas de pequenas parcelas de terreno – machambas. O machongo é um lugar importante da nossa missão. Olhando-o do cimo da encosta, deslumbra pela calma e placidez e atrai pelas cores contrastantes: a terra escura, o húmus, as ramagens verdes das culturas e o longo braço de água que rasga a terra e fertiliza o chão. A água dá-lhe movimento, transparência e vida.
À medida que nos aproximamos apercebemo-nos da incessante actividade que aí se desenvolve. Desde as primeiras horas da manhã, homens e mulheres, trabalham arduamente, não se poupando a esforços para conseguir da terra o fruto do seu sustento.
Todos os dias, os catequistas com as respectivas famílias, em formação no Centro Catequético do Guiúa, sacham, cultivam e regam. Zelam pelas suas culturas. Daqui retiram parte do sustento seja em produtos hortícolas que usam na alimentação, seja da venda das primícias, no mercado do Guúa.
São também dezenas as crianças que salpicam a paisagem. Em grupos alegres, com os livros debaixo do braço ou à cabeça, vêm das comunidades nas imediações, atravessando o rio, com perícia, sobre um tronco que faz de ponte, em direcção à escola primária da missão.
Na machamba, os nossos catequistas experimentam novas sementes, novas técnicas de cultivo e de exploração dos solos, que aprendem nas formações que ocasionalmente lhes conseguimos proporcionar. A partir de Maio, nos ofertórios das missas, é comum encontrar produtos da machamba: alfaces, couves, tomate e outros frutos extraídos da terra tingem de cor o cortejo das oferendas. Recolhido o que se semeia, reparte-se o que se recebe. Uma equação perfeita. Um denominador comum: agradecimento e generosidade.