A CRUZ Vermelha Internacional anunciou ontem que os casos de cólera no Zimbabwe, a pior epidemia em mais de 15 anos em África, estão a reduzir, mas espera-se que atinjam a fasquia dos 100 mil esta semana. A Cruz Vermelha tem apelado aos doadores, que no passado responderam com relutância, para disponibilizarem mais apoios de forma a manter-se a doença sob controlo.
Num relatório citado ontem pelo jornal sul-africano online, News24, a Federação Internacional da Cruz Vermelha e o Crescente Vermelho revelaram que a cólera já causou, no Zimbabwe, a morte a mais de quatro mil pessoas desde a sua eclosão em Agosto de 2008. "Estamos próximos de atingir os 100 mil casos", disse Matthew Cochrane, porta-voz da Cruz Vermelha, citado pelo mesmo jornal, acrescentando que esta fasquia, a alguns meses atrás, era simplesmente inimaginável.
Cochrane afirmou que o surto de há 15 anos atrás, causou a morte a 12 mil pessoas em campos de refugiados no antigo Zaire, em resultado de deslocações causadas pela crise que seguiu depois do genocídio no Ruanda.
De a fonte, o caso do Zimbabwe torna-se único, pois, nunca se tinha verificado a situação de num país em paz, a cólera ter se espalhado à velocidade que se verificou naquele país.
De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Zimbabwe já registou mais de 98 mil casos desde Agosto do ano transacto.
Custódia Mandlhate, directora da OMS para o Zimbabwe, disse que a cólera aparenta estar controlada, mas realçou que o maior desafio para a sua organização no Zimbabwe é garantir que as pessoas estejam preparadas para a eclosão de futuras epidemias.
A cólera é frequentemente tratada com facilidade. A escalada dos casos de cólera no Zimbabwe é em grande medida resultante do colapso do sistema de saúde e abastecimento de água em resultado de anos de impasse político.
Os doadores têm sido lentos na concessão de fundos para reconstrução deste tipo de infra-estruturas, principalmente por não confiarem nas autoridades zimbabweanas, acusadas de colocarem entraves no processo democrático do país.