Questões logísticas no DU n.º 1 embaraçam brigadistas em Maputo
Em vários postos de recenseamento eleitoral do distrito urbano (DU) n.º 1 localizados em escolas primárias, secundárias e até superiores por onde a reportagem do Canal de Moçambique passou durante o dia de ontem, segunda-feira, os brigadistas clamavam pelo seu subsídio que segundo eles nem de longe se ouvia falar. Quando o receberão tal como era sua esperança nada se sabe, segundo os próprios. Para dizer que a continuar assim volta-se ao mesmo de sempre para impedir que o recenseamento seja realizado sem sobressaltos.
Em contacto com o «Canal de Moçambique» o director distrital n.º 1, Elísio Luís reconheceu haver despacho tardio do mesmo.
“Demorámos a desembolsar o dinheiro para os brigadistas porque queríamos ter a certeza que os postos abririam a tempo e estariam a funcionar”, disse. Prometeu que até ao fim da tarde de ontem, segunda-feira ao nível do seu distrito todos os brigadistas haviam de receber o aludido subsídio. Se receberam ou não ainda não fomos a tempo de confirmar.
Segundo Elísio Luís o distrito nr.1 tem 72 brigadistas dentre supervisores, digitadores, entrevistadores e emissores distribuídos por 18 postos de recenseamento eleitoral.
Questionado pelo «Canal de Moçambique» sobre o montante disponibilizado para arcar com as despesas dos brigadistas no seu distrito, a fonte que vimos a citar afiançou que vão pagar. “Vamos pagar aos brigadistas em tranches, ou seja, a primeira, 50% dos trabalhos que correspondem a 83.250,00Mt (oitenta e três mil duzentos e cinquenta meticais)”. Depois o resto.
“Os supervisores recebem 2.750,00Mt/mês (dois mil e setecentos e cinquenta meticais), os digitadores 2.500,00Mt/mês (dois mil e quinhentos meticais) e para o entrevistador e emissor serão igualmente 2.000,00Mt/mês (dois mil meticais)”.
Referir que a Cidade de Maputo espera actualizar durante os 45 dias de recenseamento eleitoral 25 mil eleitores. À priori parece um número bastante duvidoso, por se tratar de tão pouca gente. Ver-se-à se não vai começar a faltar material e com que intenção isso terá sido preparado dessa forma.
Supervisor intimida fiscal da Renamo
Luciano Mabunda, supervisor do distrito nr.1, posto 05 localizado na Faculdade de Ciências de Educação Física e Desportos da Universidade Pedagógica, Av. Eduardo Mondlane intimidou e ameaçou Zaituna Gocal, fiscal da Renamo.
Segundo Zaituna Gocal “Luciano Mabunda, supervisor deste posto intimidou-me porque descobri que a máquina digitadora não estava limpa, ou seja, existiam dados desconhecidos”.
Ainda de acordo com esta supervisora ela tomou providencias. “Chamei atenção ao supervisor para que antes de começar com os trabalhos de recenseamento se pudesse limpar a máquina digitadora de forma que a mesma apenas reconheça eleitores inscritos neste posto”.
Zaituna Gocal disse ainda que o supervisor de imediato entrou em pânico e começou intimidá-la. “O que valeu foi a pronta intervenção da corporação policial afecta ao local para manter a ordem e tranquilidade pública”.
Ordens para não reportar à Imprensa
Entretanto, instado pelo Canal de Moçambique a pronunciar-se sobre os factos que nos haviam sido reportados pela fiscal da Renamo, Luciano Mabunda respondeu de forma arrogante e ameaçadora da seguinte forma:
“Recebemos informações dos directores e chefe de operações do distrito nr.1 para não reportar os acontecimentos à Imprensa. Aqui não se fala de nada”.
Por seu turno a directora distrital da Comissão de Eleições, Isilda Zandamela, disse ao Canal que existem pessoas equivocadas e que este supervisor pode ser um deles uma vez que eles estão autorizados a prestar informação como o registo de eleitores nos postos de recenseamento.
“Informámos aos brigadistas para colaborar com a imprensa de forma que a mesma possa actualizar a sua informação sobre a afluência de eleitores aos postos de recenseamento”, concluiu Isilda Zandamela. (Conceição Vitorino)
Garante STAE
“Actualização do recenseamento eleitoral arrancou em todo o país”
– afirma Lucas José Chefe do Gabinete de Imprensa do Secretariado de Administração Técnico Eleitoral ( STAE) ao «Canal de Moçambique»
Maputo (Canal de Moçambique) - O chefe do Gabinete de Imprensa do STAE, Lucas José, garantiu ontem à reportagem do «Canal de Moçambique» que o processo de actualização do recenseamento eleitoral foi iniciado em todo o país sem que se registassem problemas de ordem técnica e logística.
Lucas José fez estas declarações citando um trabalho que disse ser de monitoria efectuado pelo STAE, durante as primeiras horas de ontem, em todo o país.
“Foram colocadas para este processo cerca de 3242 brigadas e criados cerca de 5482 postos de recenseamento, em todo o país”, disse Lucas José tendo ainda acrescentado que cada brigada é composta por quatro elementos nomeadamente um digitador, um entrevistador, um emissor e um supervisor.
Para esta fonte do STAE, as brigadas deverão ainda serem compostos por agentes fiscalizadores nomeados pelos partidos políticos prevendo-se que durante o processo de actualização que vai decorrer durante 45 dias serão recenseados cerca de 483 150 novos eleitores cifra esta que para ser atingida dependerá, segundo as suas palavras, da participação activa de todos os seus intervenientes.
Para a realização com sucesso deste processo, a nossa fonte disse que “tecnicamente foi feito um trabalho de condicionamento das máquinas”. “São máquinas que foram usadas durante o processo do recenseamento de raiz. Tivemos que substituir algumas peças naquelas máquinas que apresentavam alguns problemas e já foram enviadas para as províncias. Entretanto, informações ainda recebidas esta manhã dão conta que o processo arrancou em todo o país sem nenhuns constrangimentos”.
Outras informações prestadas ao Canal de Moçambique por Lucas José indicam que presentemente a Comissão Nacional de Eleições já mandou publicar os mapas dos mandatos provisórios para estas eleições. “Há províncias que tiveram a redução dos seus mandatos, nomeadamente Nampula, Zambeze Niassa e Cabo Delgado. Mas também algumas aumentaram como é o caso de Maputo cidade e Sofala”, disse a nossa fonte acrescentando que uma outra coisa que está a ser feita é o registo dos partidos e seus candidatos para as próximas eleições Legislativas, Presidenciais e Provinciais.
Entretanto, Lucas José indicou que neste momento, os órgãos eleitorais, nomeadamente o STAE e a Comissão Nacional de Eleições (CNE) apelam a todos os cidadãos, aos órgãos de administração pública, partidos, coligações de partidos políticos, grupos de cidadãos eleitores, órgãos de comunicação social, organizações da sociedade civil fiscais e agentes de educação cívica para a sensibilização dos potenciais eleitores a procederem o seu registo eleitoral. “Aos brigadistas e aos fiscais recomendamos que se abstenham de assumir atitudes contrárias aos princípios que norteiam a independência, a imparcialidade e a isenção devendo servir com consciência a lisura os interesses nacionais”, disse.
Algumas notas que marcaram o primeiro dia
Numa pequena ronda efectuada pela reportagem do Canal de Moçambique, nomeadamente, em alguns postos de recenseamento eleitoral criados nas escolas 3 de Fevereiro, Escola Primária da Maxaquene, Josina Machel e da Faculdade de Educação Física da Universidade Pedagógica todos na cidade de Maputo, constatámos haver uma presença pouco significativa dos cidadãos que se iam inscrever. Na escola primária de Maxaquene não encontrámos nenhum fiscal dos partidos políticos. Já na escola primária 3 de Fevereiro, o fiscal da Renamo chegou quando o nosso repórter se encontrava no local. Eram cerca das dez horas alegadamente porque ainda não tinha sido credenciado pelo seu partido.
Um facto estranho foi o registado no posto criado na Faculdade de Educação Física da UP em que a máquina ao registar a imagem não imprimia a foto das pessoas que se encontravam a recensear o que levou a destruição dos primeiros cartões.
(Alexandre Luís) – CANAL DE MOÇAMBIQUE – 16.06.2009