O TRIBUNAL Judicial da província de Tete vai na manhã de hoje proceder a entrega formal da viatura, do barco, entre outros equipamentos apreendidos aos quatro cidadãos inicialmente suspeitos de envolvimento em acções de sabotagem da barragem Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB), libertos na tarde da última sexta-feira, dia 12 de Junho, pela Procuradoria da República em Tete por insuficiência de matéria.
O Dr. Bernardo Júnior Duce, Procurador Provincial, disse ontem ao nosso Jornal que o processo já chegou ao seu fim e os quatro arguidos foram postos em liberdade depois da confirmação dos resultados submetidos a análises nos laboratórios do país e da África do Sul, que não detectaram nenhuma nocividade no orgonite (nome da substância atirada ao rio) lançado nas águas da albufeira de Cahora Bassa.
Entretanto, o advogado de defesa dos quatro réus, Hermínio Nhantumbo, disse ao nosso Jornal que a libertação dos seus constituintes ocorreu cerca das 16 horas do dia 12 de Junho, sexta-feira, uma acção que considerou de bastante justa, uma vez que não se encontraram motivos fortes para a prisão dos seus clientes. «Foi retirada a acusação inicialmente feita pelo Ministério Público, porque foram trazidos os resultados das análises laboratoriais solicitadas pelas autoridades de Justiça moçambicana à Polícia Internacional (INTERPOL), que revelaram basicamente que o orgonite não era nenhum produto que oferecia algum perigo à saúde pública e foi exactamente isso que serviu de base para o encerramento do processo», palavras do advogado Hermínio Nhantumbo. Nhantumbo apontou que o processo todo foi tratado a nível da Delegação da Procuradoria na Província de Tete, por existir capacidades humanas e materiais para a instrução de processos desta natureza, embora algumas diligências como análises do produto tenham sido efectuadas fora da província de Tete e no estrangeiro.
Para aquele advogado, a prisão dos seus constituintes ficou a dever-se à falta de informação entre os arguidos e as autoridades moçambicanas, tendo acrescentado que, o processo iniciou secretamente no dia 22 de Abril passado, dois dias depois da prisão dos quatro cidadãos e a notícia apenas foi veiculada nos órgãos de comunicação social 21 dias depois da prisão dos indivíduos.
Entretanto, Carlos Miguel Cordeiro de Jesus, um dos arguidos do processo, reconheceu que a equipa esteve a navegar na albufeira de Cahora Bassa sem nenhuma autorização das autoridades moçambicanas e muito menos para o lançamento do orgonite nas águas do rio Zambeze, a montante da barragem da Hidroeléctrica de Cahora Bassa.( HCB). « O nosso objectivo era lançar o orgonite desde Zumbo até a foz do Zambeze no Chinde. Só que durante a digressão fomos levados à prisão na cadeia da vila do Songo no dia 20 de Abril logo após o nosso regresso do Zumbo. Nesse dia estava eu, o Tino e o Joseph, uma vez que o colega George se encontrava no Ugezi Lodge, no Songo, onde estávamos acampados, a reparar o nosso barco. Já na cadeia não esperávamos permanecer assim tanto tempo, porque não encontrávamos nenhum motivo da gravidade da nossa acção. O principal objectivo ao lançar este produto nas águas do Zambeze era a melhoria da natureza e da vida das pessoas que vivem nas regiões por onde estamos a colocar o orgonite», disse Carlos de Jesus. Ele confirmou, porém, que nenhuma autoridade moçambicana sabia do programa que os levou a visitar Moçambique e muito menos do lançamento do orgonite nas águas do rio Zambeze, tendo acrescentado que todos eles desconheciam o regulamento moçambicano para com os visitantes. "É a primeira vez que estamos a Moçambique. Eu já estive em vários países europeus, onde estive a colocar orgonite e ninguém me maltratou por não pedir autorização e foi por isso que quando decidimos entrar em Moçambique e começarmos a nossa actividade, não pedimos nenhuma autorização, porque achávamos que era absurdo", referiu Carlos de Jesus, cidadão português que faz parte do quarteto detido pelas autoridades moçambicanas no passado dia 20 de Abril, por ter sido surpreendido a lançar orgonite na albufeira de Cahora Bassa a montante da barragem da Hidroeléctrica de Cahora Bassa.