O conceituado músico moçambicano, António Marcos, que é também conhecido e carinhosamente tratado por "Antoninho Maengane", revelou numa entrevista ao jornal "O País" que antes de ser um vencedor na música, foi um vencedor nos ringues de boxe.
Segundo António Marcos, ele se iniciou no boxe em 1967 tendo treinado nos clubes Ferroviário e Desportivo da Malhangalane, onde se fez campeão graças aos ensinamentos de um treinador chinês. Como quem diz nunca tive adversários a altura, "Maengane" disse que abandonou a modalidade na qualidade de campeão.
"Fui campeão na era colonial, na Independência. Quem me deu o prémio foi a senhora Graça Machel e o ex-governador da província de Maputo, Jóse Moiane. Um deu-me a medalha e o outro a taça, no campo do Ferroviário das Mahotas, na baixa da cidade, em 1980", disse o músico a dado momento da entrevista.
Com a mesma habilidade com que domina a guitarra, António Marcos dominava os seus adversário no ringue e por esse motivo foi lutar na África de Sul a busca de maior competitividade. Porém, como em Moçambique, na terra do "rand" o músico só somava vitórias até que acabou abandonando a modalidade com o título de campeão.
"Só ganhava farinha. Nunca perdi, nunca empatei e nunca caí. Só acreditam os que me assistiram. Aqui no país os que me conhecem sabem que nunca beijei o tapete. Deixei enquanto era campeão. Fiz seis campeonatos na África do Sul", disse António Marcos ao contar, a pedido do entrevistador, como foi a vida de pugilista na África do Sul.
Acima da paixão que já tinha pela música, "Maengane" contou que, embora fosse um campeão, abandonou o boxe por que lutava sozinho e tinha que partilhar o prémio com muitos elementos da companhia. "Sofria sozinho no ringue e os demais usufruíam. Desisti por isso".
Em relação a música, o seu sustento actual, e que era tema da entrevista, António Marcos disse que a música moçambicana encontra-se num bom estágio e que os jovens já fazem músicas com um conteúdo aceitável (já não insultam). Disse, ainda, que ele vive da música e só não vive da música em Moçambique quem é negligente.
"Eu vivo de música. Não sei se não é possível viver dela. Se o músico não consegue é por negligência. Veja só no campo, os camponeses vivem na base da agricultura. O músico tem de determinar o seu salário e saber economizar. Só se for preguiçoso", sentenciou António "Maengane" Marcos.
MOÇAMBIQUE HOJE - 19.06.2009