ANÁLISES levadas a cabo em laboratórios holandês e inglês, a pedido do Fundo de Investimento e Património de Abastecimento de Água (FIPAG), concluíram não haver contaminação, com mercúrio, das águas e, consequentemente, dos peixes da albufeira de Chicamba, na província de Manica.
Falando em conferência de Imprensa, no distrito de Manica, no final da visita, sábado, do governador Maurício Vieira ao projecto do FIPAG, o delegado daquela instituição, Leovigilgo Jate, disse que “as informações veiculadas sobre a matéria não tiveram base técnico-científica de sustentação. As pessoas viram a cor da água do rio Revuè, que desagua na albufeira, que apresentam altos níveis de turvação e disseram que a água estava contaminada, o que não é verdade. A água não tem contaminação com mercúrio”.
Leovigildo Jate confirmou, no entanto, “que a 30 quilómetros do local onde está a ser erguida a estacão de captação, tratamento e bombagem de água, no quadro do mega-projecto de abastecimento do precioso líquido às cidades e vilas de Chimoio, Manica e Gondola, há intensa actividade de mineração de ouro com uso de mercúrio, ao mesmo tempo que o rio Revuè e outros que confluem na albufeira de Chicamba, estão com água turva, resultado do garimpo a montante. Porém, a turvação da água não é necessariamente sinal de contaminação do lago com mercúrio”.
“Não foi detectado nenhum mercúrio na água de Chicamba. Por isso aquela água reúne os padrões internacionais de consumo. Aliás, antes do projecto ser aprovado, foi feita uma análise nesse sentido e na altura a conclusão a que se chegou foi de que a água de Chicamba não tinha nenhum problema para o consumo humano. As recentes análises laboratoriais feitas na Holanda e Inglaterra vieram reconfirmar este facto, pelo que não há poluição em Chicamba” – declarou Leovigildo Jate.
A Holanda, através da empresa Vitens, co-financiou o projecto de abastecimento de água para as cidades e vilas de Chimoio, Manica e Gondola, orçado em 50 milhões de dólares norte-americanos, cuja primeira fase se prevê seja concluída até meados de 2010.
Leovigildo Jate admitiu que “a longo prazo, daqui a 30 anos, caso não sejam tomadas medidas contra os garimpeiros ilegais ao longo da bacia hidrográfica de Revuè, podemos começar a registar situações de contaminação das águas de Chicamba, com mercúrio, mas presentemente esta hipótese está posta de fora”.
Recentemente, o Governo provincial de Manica criou uma comissão multissectorial para investigar a alegada poluição das águas da albufeira de Chicamba por garimpeiros ilegais que exploram ouro a montante do rio Revuè, o curso de água sobre o qual foi erguida a barragem de hidroeléctrica no distrito de Manica.
Mesmo assim, para além das análises realizadas em laboratórios na Inglaterra e Holanda, técnicos da saúde, ambiente e dos serviços provinciais das Pescas de Manica, integrantes duma missão multissectorial, deslocaram-se à albufeira de Chicamba para colher amostras de peixe e água para posterior análises no país.
- VICTOR MACHIRICA