Polícia desnorteada
Passam seis meses após Aníbal dos Santos Júnior, vulgo “Anibalzinho”, “fugir” das celas do Comando da PRM da Cidade de Maputo. Oficialmente, a Polícia moçambicana continua sem nenhuma informação sobre o paradeiro deste e muito menos apresenta uma versão convincente sobre como as coisas aconteceram.
De recordar que Anibalzinho, aparentemente, “fugiu” dos calabouços na companhia de mais dois comparsas: um, Januário Samuel Nhare, (Samito), entretanto recapturado em Caia, na província de Sofala, e o outro, Jesus Samuel Tomás, (Todinho), entretanto já falecido, abatido a tiro, algures na zona de Malhampsene, no Município da Matola.
Ontem, quando questionado pelo «Canal de Moçambique» sobre o ponto de situação do que se passa com Anibalzinho, o porta-voz do Comando da PRM da Cidade de Maputo, Arnaldo Chefo disse que “ainda não existem informações palpáveis para se trazer ao público sobre este caso”.
Segundo Chefo “as informações que têm aparecido nos órgãos de comunicação social sobre Aníbal dos Santos Júnior, (Anibalzinho), são mera especulação. A PRM ainda está a trabalhar sobre este caso”. Entretanto Chefo não conseguiu explicar como acredita que as informações veiculadas na comunicação social “são mera especulação”, se ao mesmo tempo que diz isso afirma que a corporação não possui informação palpável sobre a matéria. As duas declarações acabam por serem contraditórias.
O certo é que a música tem sido a mesma desde que no passado 7 de Dezembro, um domingo, a tríade aparentemente evadiu-se – segundo informação oficial – das celas do Comando da PRM da Cidade de Maputo: “a Polícia está a trabalhar” é a resposta dada pelos diferentes porta-vozes da PRM sempre que questionados pela comunicação social. De salientar que pouco depois da ocorrência – praticamente apenas a Polícia é que acredita ter-se tratado de uma fuga – a corporação policial andou de casa em casa, por diferentes bairros, à procura de Anibalzinho. Aliás as autoridades chegaram a importunar a casa de familiares do veterano da luta armada, Marcelino dos Santos, quiçá por Anibalzinho ser um mestiço tal como o é o velho combatente. Uma atitude que levou a PRM e o Ministério do Interior a pedir desculpas a Marcelino dos Santos.
Ontem, Arnaldo Chefo voltou a tocar o mesmo disco que já parece furado de tanto repetido: “deixem a corporação policial trabalhar sem pressão”.
Baixa crime com recurso a arma de fogo?
Por outro lado a mesma fonte disse acreditar que os casos de crimes relevantes com recurso a arma de fogo estão a reduzir na cidade capital, Maputo, uma vez que, segundo ele, “as quadrilhas estão neutralizadas e detidas”.
“Diariamente neutralizamos indivíduos que fazem parte de certas quadrilhas envolvidas no mundo do crime. Mais tarde esses indivíduos são detidos de forma a denunciar outros elementos envolvidos”, afirmou Chefo.
Instado a pronunciar-se com mais detalhes sobre as tais quadrilhas, Chefo afirmou que “por razões de segurança não podemos divulgar este tipo de dados porque precisamos de mais detalhes à volta destas quadrilhas”.
Disse ainda que a corporação policial trabalha com base em suspeitas e indícios, razão pela qual, alega, precisa de tempo para trazer os factos precisos à superfície.
Chefo informa ainda que os distritos municipais tidos como os mais seguros criminalmente na cidade de Maputo, são Catembe e Inhaca.
Registo policial
Entretanto, o Comando da PRM da Cidade de Maputo diz que registou durante a semana passada 48 casos criminais com destaque para 24 detenções sendo 4 com recurso a arma de fogo, 18 contra propriedade, 5 contra pessoas e uma contra a ordem e tranquilidade pública. Afirma também que houve 31 casos de acidentes de viação que resultaram em 10 feridos graves, 11 ligeiros, 16 atropelamentos, 15 choques entre carros e três óbitos.
Por outro lado a mesma fonte diz que a Policia fiscalizou 775 viaturas, impôs 326 multas, apreendeu 93 cartas de condução e uma viatura por diversas irregularidades.
(Conceição Vitorino) - CANAL DE MOÇAMBIQUE - 09.06.2009