O Governo moçambicano convidou ontem, em Maputo, instituições, comunidades, associações, partidos políticos e outros segmentos da sociedade civil a continuarem a fazer de 2009 um ano de festa, consolidação da unidade nacional, reforço da auto-estima e do espírito patriótico que concorram para resgatar, recordar e valorizar a vida e obra de Eduardo Mondlane, o obreiro da luta contra o colonialismo português e arquitecto da unidade nacional.
Segundo o Ministro para os Antigos Combatentes, Feliciano Gundana, que falava na abertura do simpósio internacional Eduardo Mondlane, a experiência e trajectória do herói nacional por várias vivências, desde a zona rural, sua terra natal em Nwadjahane, passando pela educação primária e secundária nas missões protestantes e a prossecução do Ensino Superior na África do Sul, Portugal e Estados Unidos da América, constitui uma importante lição de cultura de trabalho árduo e fonte de inspiração para os desafios da luta contra a pobreza.
O simpósio, que acontece no contexto dos 40 anos da morte de Mondlane, é promovido pela Universidade Eduardo Mondlane, inserindo-se igualmente no quadro das comemorações do “Ano Eduardo Mondlane”, decretado pelo Governo. Neste mesmo espírito foram programadas outras realizações, sendo de destacar as que vão acontecer amanhã na sua terra natal em Manjacaze.
De acordo com o Ministro, o simpósio servirá para recordar várias experiências que foram sintetizadas na forma como Eduardo Mondlane conduziu a luta de libertação de Moçambique, apostando na unidade nacional, na luta contra o racismo, contra o regionalismo e o tribalismo.
“Eduardo Mondlane combateu todas as formas de analfabetismo, incrementou a solidariedade regional e internacional, como pressuposto para a construção de uma sociedade nova de bem-estar e justiça social para todos”, disse Gundana.
A família Mondlane, nomeadamente a viúva Jannet Mondlane, os filhos, designadamente Eddie e Nyeleti Mondlane, para além dos netos marcaram presença no simpósio que decorreu no Centro de Conferências Joaquim Chissano. Em alguns momentos deste encontro internacional coube a Eddie dirigir algumas palavras aos presentes, vincando que a família continua também a trabalhar com o espólio do pai para buscar e aprofundar o seu perfil e pensamento, perpetuando, deste modo, o seu conhecimento.
Na ocasião, foi lançado o seu célebre livro Lutar Por Moçambique numa reedicção enquadrada nas celebrações dos 40 anos da sua morte.
Figuras como Joaquim Chissano, ex-estadista moçambicano, o histórico Marcelino dos Santos, os antigos combatentes Lopes Tembe e General Hama Thai, participaram ontem, primeiro dia do simpósio, no debate sobre a vida e obra de Mondlane.
Aliás, Marcelino dos Santos e Lopes Tembe foram principais oradores do tema “Mondlane e nacionalismo”, perante um auditório de cerca de 250 convidados dentre nacionais e estrangeiros.
Marcelino dos Santos enalteceu a maneira extraordinária como o povo e o Estado Moçambicanos olham e valorizam a figura de Eduardo Mondlane.
Na foto: Janet Mondlane, com os netos, distribui o livro “Lutar por Moçambique”
NOTA: Pode ler esta obra completa na BIBLIOTECA DO MACUA (colocada em 2001) em