O Primeiro-Ministro do Zimbabwe, Morgan Tsvangirai, falando à BBC,numa entrevista em Londres,defendeu o desempenho do governo de unidade nacional que formou com o Presidente Robert Mugabe em Fevereiro de 2009. Segundo ele, foram registados progressos em muitas áreas.
Morgan Tsvangirai disse que as coisas não eram perfeitas, mas que as escolas e os hospitais tinham voltado a abrir as suas portas e que a inflação haviam baixado dos quinhentos biliões de por cento para apenas três por cento.
Em relação às acusações feitas pela Amnistia Internacional segundo as quais o seu partido, o Movimento para a Mudança Democrática, havia ignorado os direitos humanos por razões de expediente político, ele disse que a situação melhorara significativamente e que já não existiam no Zimbabwe abusos sistemáticos.
Tsvangirai - que no passado foi fisicamente agredido por apoiantes do Presidente Mugabe - disse que agora se encontrava com o chefe de Estado uma vez por semana. Contudo, a forma como descreveu o seu relacionamento demonstra que não é de todo confortável.
"Não confio nele, mas trabalho com ele. Não tenho que me apaixonar por ele, mas tem de haver algum relacionamento de trabalho. Como é que foi possível que Nelson Mandela trabalhasse com as pessoas que o mantiveram na cadeia durante 27 anos?
"Por essa razão acho que as pessoas devem entender que quando se aceita uma transição negociada, está-se a aceitar que se tem que ter um relacionamento de trabalho."
Morgan Tsvangirai acha que foram positivos os quatro meses que tem como Primeiro-Ministro do Zimbabwe, apesar mesmo de informações que dão conta da continuação da fome e da miséria entre muitos dos seus compatriotas.
Ele disse que havia problemas com a reforma agrária, que incluiam o confisco de propriedades de agricultores de raça branca.
Disse também que apesar de, em princípio, se tratar de um acto necessário, a forma como os confiscos foram feitos havia sido um desastre. Mas, segundo Tsvangirai, os agricultores brancos jamais voltarão a ter as suas terras, apesar de deverem ser compensados.
MOÇAMBIQUE HOJE - 22.06.2009