20 anos de Gbadolite
No dia 22 de Junho de há 20 anos, os chefes de 18 estados africanos reuniram-se na cidade zairense de Gbadolite, na actual República Democrática do Congo, e à sombra do Presidente Mobutu Seze Seko proclamaram uma efémera trégua na guerra civil angolana, que prosseguiria dentro de poucos meses.
Naquela altura, o Presidente José Eduardo dos Santos e o seu principal adversário, Jonas Malheiro Savimbi, líder da UNITA, deram um aperto de mão, concordando em encetar conversações sobre o estabelecimento da paz e de um Governo de reconciliação nacional. Mas cinco dias depois já estava a ir tudo por água abaixo: o MPLA falava de violação do combinado e Savimbi desmentia as notícias, propagadas por Luanda, de que recebera uma boa quantia para sair de cena, deixando de ter qualquer
actividade política.
Na verdade, em vez de partir para o exílio, como as autoridades angolanas desejavam, o chefe da oposição saiu de Gbadolite ainda mais reforçado, tendo até deixado o Zaire no avião do Presidente moçambicano, Joaquim Chissano.
Em 1990 o então secretário de Estado português dos Negócios Estrangeiros, Durão Barroso, considerou que “um caminho muito longo ainda terá de ser percorrido”.
E a paz em Angola só viria a ser uma realidade depois de, em Fevereiro de 2002, as tropas de José Eduardo dos Santos terem abatido Savimbi, com 15 balas, duas delas na testa.
(J. H.) – CORREIO DA MANHÃ – 22.06.2009