TRÊS organizações não-governamentais sul-africanas interpuseram pedidos junto da Presidência sul-africana para que um relatório que dizem ter sido encomendado pelo ex-presidente Thabo Mbeki a seis generais na reserva sobre a violência política no Zimbabwe seja tornado público.
O Arquivo Histórico Sul-Africano (SAHA), o Centro de Litígios (SALC) e o Centro da África Austral dos Sobreviventes de Tortura (SACST) voltaram sexta-feira a pedir à Presidência a divulgação de um relatório que, segundo afirmam, custou aos contribuintes sul-africanos 650 mil randes e que a Presidência insiste que nunca foi escrito.
Enquanto as três organizações se afirmam convencidas de que os seis generais nomeados por Thabo Mbeki para se deslocarem ao Zimbabwe produziram um relatório com revelações chocantes sobre a violência política patrocinada pelo Governo de Robert Mugabe contra a oposição, após as eleições de 2008, o director-geral do gabinete da Presidência nos tempos de Mbeki, Frank Chikane, e o actual, Trevor Fowler, afirmam que os generais se limitaram a transmitir de forma oral as conclusões da missão, ao ex-presidente.
Ambos os responsáveis insistem que quando nomeou os generais para a missão no Zimbabwe em 2008 Mbeki não colocou por escrito os termos de referência nem os objectivos da missão, nem a missão produziu qualquer documento escrito.
Mas os subscritores desta nova ronda de pedidos à Presidência garantem que os contribuintes têm o direito a conhecer os documentos alegadamente produzidos, mostrando-se convencidos de que a Presidência está a esconder os factos.
“Sugerir que esta quantia em dinheiro foi gasta e que a investigação resultante apenas produziu um briefing oral ao presidente não lembra a ninguém”, desabafou Fritz Schoon, director do Arquivo Histórico Sul-Africano (SAHA).
Schoon disse à comunicação social, na Cidade do Cabo, que um novo pedido foi entregue sexta-feira ao ministro da Presidência, Collins Chabane, e que se as três organizações não obtiverem resposta positiva recorrerão aos tribunais como último recurso para obter acesso ao alegado relatório dos generais.
Na altura em que os generais foram enviados ao Zimbabwe, diversas organizações dos direitos humanos acusavam o presidente Mugabe e o seu governo de lançarem uma campanha orquestrada contra a oposição e as populações em geral, em retaliação contra a vitória do MDC nas eleições, enquanto o líder da oposição, Morgan Tsvangirai, denunciava que uma centena de apoiantes seus tinham sido mortos.
Na sequência dessa onda de violência, Tsvangirai viria a desistir da segunda volta das presidenciais.