A Comunidade Económica da África Ocidental (CEDEAO), Interpol e Nações Unidas, incluindo o departamento de operações de manutenção de paz, lançaram uma iniciativa conjunta para combater o tráfico, principalmente de droga, através de países como a Guiné-Bissau.
A Iniciativa para a Costa da África Ocidental "visa acabar com a porosidade das fronteiras da África Ocidental, com a governação frágil e corrupção, que permitem que os traficantes de droga operem num ambiente de impunidade", refere comunicado divulgado pela ONU, a propósito do lançamento da Iniciativa, quarta-feira em Nova Iorque.
Segundo o estudo "Contrabando Internacional e o Império da Lei na África Ocidental - Uma Avaliação das Ameaças", esta semana divulgado pelo departamento das Nações Unidas contra a Droga e o Crime (UNODC), o tráfico ilegal de pessoas, drogas, petróleo, tabaco, medicamentos falsos, resíduos industriais e diamantes está a tornar a África Ocidental uma mina de ouro para o crime organizado internacional.
"A África Ocidental tem tudo o que a criminalidade necessita: recursos, localização estratégica, governos fracos e um número ilimitado de soldados que vêem poucas alternativas viáveis a uma vida criminosa", afirma António Maria Costa, director do UNODC.
As Nações Unidas avaliam os tráficos pela região em mil milhões de dólares por ano.
Por exemplo, os 438 milhões de dólares obtidos com o contrabando de 45 milhões de comprimidos anti-malária falsos ultrapassam o PIB da Guiné-Bissau,
No caso de alguns países, o valor dos tráficos supera o do próprio produto interno bruto.
A Iniciativa para a Costa da África Ocidental envolve o UNODC, o gabinete da ONU para a África Ocidental e os departamentos da organização para as Operações de Paz (DKPO) e assuntos políticos, bem como a Comunidade Económica de Estados da África Ocidental e a Interpol.
"Vamos focar-nos em situações pós-conflito", nomeadamente da Guiné-Bissau, Libéria, Costa do Marfim e Serra Leoa, afirma Costa.
Também a Guiné-Conacri poderá ser em breve envolvida, caso realize eleições livres e democráticas.
A ONU calcula que em 2006 uma quarta parte da cocaína consumida na Europa (cerca de 40 toneladas) transitou pela África Ocidental e que os 1000 milhões de dólares que rendeu ameaçam a segurança de toda a região.
Estes números reduziram-se nos últimos 18 meses, no que é o único aspecto positivo deste relatório em relação ao contrabando ilegal nesta parte do continente africano.
Na África Ocidental, entre 50 a 60 por cento dos medicamentos são falsos e até 80 por cento dos cigarros são de contrabando, estima a ONU.
Na Nigéria, no delta do rio Níger, cerca de 55 milhões de barris de petróleo são anualmente desviados da circulação legal e os 1010 milhões de dólares que rendem acabam nas mãos de grupos criminosos e da guerrilha secessionista, segundo o relatório.
Na região existem 30 grupos armados e mais de dois milhões de armas sem controlo, um negócio avaliado em 170 milhões de dólares.
LUSA – 10.07.2009