SWAZILÂNDIA
Distante vai o tempo em que a Frelimo e os seus dirigentes andavam de costas viradas para a cultura tradicional africana. Os duros e difíceis anos do combate cerrado à sociedade tradicional, movido pelo partido no poder no nosso país, em nome da criação do chamado “homem novo”, pertencem agora ao passado.
O exemplo mais recente de que a Frelimo e o seu actual líder voltaram a reencontrar-se com a cultura tradicional africana aconteceu na passada semana no Reino da Swazilândia onde a Primeira-dama da República de Moçambique, a Sra. D. Maria da Luz Guebuza, participou, como convidada de honra, numa das mais emblemáticas cerimónias do reino swázi, a “Dança do Caniço”. Vestida a rigor, confundindo-se com as seis esposas de Sua Majestade o Rei Mswati III presentes ao evento e que trajavam como manda a tradição cultural suázi, a Primeira-dama moçambicana foi honrada com um abraço em público da Rainha-mãe, a iNdlovukazi. Estavam igualmente presentes na cerimónia o chefe do governo swázi e diversos ministros para além de representantes das várias chefaturas do Reino da Swazilândia.
A “Dança do Caniço” teve lugar no Palácio Real de Ludzidzini nos arredores de Mbababne, a capital do país. Executada por mães e mulheres casadas, ou as lutsango em língua swázi, a dança é o culminar da apanha do caniço em diversos pontos do país que depois é entregue à Rainha-mãe para ser usado na reconstrução e reparação da cerca da aldeia tradicional erigida junto ao palácio. Concluída a entrega do caniço, as lutsango dançam depois para o rei.
O evento é realizado anualmente no mês de Julho. Cerimónia semelhante, mas envolvendo apenas raparigas virgens, realiza-se em Agosto de cada ano, sendo por tradição a altura em que o rei procede à escolha de uma nova mulher entre as participantes. Esta última cerimónia tem contado nos últimos anos com a participação de raparigas de outras nacionalidades vindas propositadamente de diversas partes do mundo. Ambas as cerimónias atraem normalmente um grande número de turistas estrangeiros.
CANAL DE MOÇAMBIQUE – 13.07.2009