DIALOGANDO
Por João Craveirinha
Analista: Sociedade, Cultura e Comunicação
Abastardando o Nome de Família
(Dialogando sem diálogo para ler e reler se for o caso. O resto é pura coincidência)
Crónica em dedicatória ao ilustre ex-alferes luso CNPC. Escriba notas-do-dia estilo guerra colonial psicoterror de antanho (1972) nas savanas de Notícias sem prestígio do gabinete da Apsic do (des)governo-geral, pimentinha, sem santo da “Ponta Vermelha” de LM (cidade de Lourenço Marques). Esse escriba ex alferes sui generis e abastardador do nome de família... em tom jocoso invectiva a despropósito o autor deste-sem-diálogo, em 24 de Junho de 2009 na casa do duque de York, cerca das 19h de Lisboa.
Na apresentação, um leitor atento da revista “Prestígio”. Na foto ao lado: Refinaldo Chilengue o editor da revista, Adão Mataveia, Paula Ferraz, Carlos Pinto Coelho e Jorge Heitor Tinha lugar o lançamento de uma revista ex-positiva sem aids nem sida, prestígio refinado de um descendente dos bravos vaLengue vindo de Maputo para o efeito.
No Maputo de 2009, de novo, as trincheiras de 1895 do “quadrado colonial de Marracuene” são erigidas com a conivência dos baNto da terra a troco da perda de dignidade. Massinguita (i)n’péla. (Que dó de alma).
Surge assim este pseudo-memorando em resposta adequada, e à altura do momentum em que foram proferidas nesse tom jocoso e arrogante à portuguesa do: “andas a abastardar o nome de família” (sic) – e proferido com jactância a essa “boa maneira portuguesa” de escárnio e de maldizer, fora de contexto e de oportunidade (mesmo neocolonial)…numa recepção sem importância algures em
Portugal. (Ou o nosso ex-alferes terá por antecipação tido uma visão das Honduras das bananas corroborando Enrique Colindres contra Obama…”esse negrinho?”...) Humm…sei não…
Ó meça… (olha o léxico) só me faltava essa… (e não é de Queiroz). E o patriarca Saussure da linguística me socorra… “mutatis mutandis”, mudando o que tem de ser mudado nesta pseudo-réplica ao bom estilo do “nosso” Poeta, tio-avô luso, Guerra Junqueiro…Surgindo assim uma poética numa pluma, emplumada (serpenteada) ritualizada no templo azteca de Quetzalcóatl ou Nahuatl … e devolvendo o mimo num poema, lamentando o factum…de…que…
Abastardando (ele) o Nome de Família
…Um fulano que ufano
(não é rapaz, nem mufano…)
Nem é pinto nem coelho
Abastarda a figura
Desses singelos animais
Presumindo ser gente
No meio da intelectualidade
Criadora de mérito próprio.
E assim vai o mundo
De vozes medíocres
Onde verba volant, scripta manent
As palavras voam, os escritos
permanecem
(E me perdoem os romanos pelo latim)
Pois sic transit gloria mundi
Assim passa a glória do mundo
Fátuo e inglório,
Vão assim repassando os feirantes
Na feira das vaidades déjá vu
Onde impera a vaidade das vaidades,
E tudo é vaidade.
(vanitas vanitatum et omnia vanitas)
E o missal segue adiante “ma non troppo”
E sem “Allegro”…inócuo
Neste mundo vazio e inglório…
Onde a inveja corrói,
E a maledicência,
Sem inocência
(Nescencia necat)
da ignorância que mata
O talento…dos que criam arte
Na adversidade do main stream
Da aldeia global
Sem se humilharem a ninguém
Faça sol faça chuva,
Haja pão, não haja pão…
(nem vindo electronicamente
onde sempre, Já-pão)
Siá Vuma! (assim seja)
Cumpram-se os vaticínios
baNto dos ossículos na esteira do vôvô
uaNdjikiza (da) caTembe – la va kuLoya.
Assinado: JC - no ano de nosso senhor dos juízos emprenhados de ouvido.
(Fica registado assim para a posteridade que um verdadeiro Craveirinha e Mpfumo ou Phumo, não leva afronta para casa em pleno século XXI.
Nem num outro século. E nem se ajoelha.
Só em oração à beleza divinal (nu feminino).
Olissipo 10 de Julho 2009.
O AUTARCA – 23.07.2009