O Governo brasileiro está disposto a negociar empréstimos a Moçambique para grandes obras, pedindo em contrapartida que as empreitadas sejam executadas por empresas brasileiras. Ivan Ramalho, vice-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio do Brasil, está em Maputo com uma delegação de empresários, que se reuniram quinta-feira com empresários moçambicanos, decorrendo paralelamente encontros entre representantes de dois bancos brasileiros com responsáveis do Governo de Moçambique. O objectivo, explicou o governante brasileiro à Agência Lusa, é identificar com o Governo moçambicano obras que possam ser financiadas pelo Brasil, como portos, aeroportos ou hidroeléctricas, negociando um projecto de financiamento para as mesmas. O Brasil, disse, tem grandes empresas de construção, “com grande experiência internacional” e que “têm grande desejo de ampliar as operações em África”, onde muitas já estão instaladas e onde “estão prontas para realizar obras”. “O Governo (brasileiro) pode financiar estas construções desde que essas obras sejam executadas por empresas brasileiras”, acrescentou Ivan Ramalho.
A presença de Ivan Ramalho em Moçambique acontece a poucos dias da visita do Presidente da República, Armando Guebuza, ao Brasil, entre 19 a 23 de Julho. Ivan Ramalho salientou à Lusa que a visita de Armando Guebuza pode ser um importante incentivo para o desenvolvimento das relações económicas entre os dois países, com um maior volume de trocas comerciais, até agora pouco significativo. E frisou que a presença, em Maputo, de responsáveis do Banco do Brasil e do Banco Nacional de Desenvolvimento Económico também poderá identificar projectos prioritários que possam ser financiados por estas instituições bancárias.
“Acreditamos que aqui existem perspectivas bastante favoráveis”, disse Ivan Ramalho, que se encontra em Maputo acompanhado por cerca de 40 empresários, além de responsáveis da APEX (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos). A atribuição de créditos brasileiros a Moçambique tem um "ponto sensível", segundo o embaixador brasileiro em Brasília, Murade Isaac Murargy, que são as garantias. “Moçambique não é como Angola que tem muito petróleo que pode colocar como garantias, Moçambique ainda não tem isso. Então, tem que haver uma flexibilização das garantias”, argumentou Isaac Murargy, em declarações à Lusa no Rio de Janeiro, onse se encontra a preparar a visita do Presidente moçambicano, Armando Guebuza, ao Brasil, a partir de dia 19.
Sem avançar montantes para os créditos em negociação, o diplomata concordou com o governante brasileiro nos sectores a beneficiar pelos financiamentos, acrescentando ainda o carvão.
LUSA - 10.07.2009