É DESCRITA preocupante a situação de cólera no norte da província de Cabo Delgado, nomeadamente nos distritos de Macomia, Muidumbe, mais precisamente na aldeia Mienguelewa, Palma e Mocímboa da Praia, este último tido como o que mais cuidados clama, se bem que, até à última terça-feira, havia registado cinco óbitos, havendo ainda 18 internados e 10 pacientes que haviam tido alta.
A Saúde em Cabo Delgado virou todas as suas atenções para Mocímboa da Praia, onde os números cumulativos falam em 230 doentes devido as condições ambientais que se podem reconhecer propícias para a doença, ligadas ao saneamento do meio e, sobretudo, ao consumo de água imprópria.
Por seu turno, o distrito de Palma, 80 quilómetros mais a norte, teve um óbito, três altas, de um grupo cumulativo de 111 doentes, desde que em Janeiro a cólera eclodiu na província de Cabo Delgado.
Sem óbito está o distrito de Macomia, mas que até aqui teve um total de 114 doentes, assim como o seu vizinho, Muidumbe, através do Posto Administrativo de Mienguelewa, mas com 197 doentes que passaram pelo Centro de Tratamento da doença.
Os dados indicam que desde Janeiro deste ano a província de Cabo Delgado viu morrerem 44 cidadãos por causa da cólera, contando com os números provenientes da região sul, dos até aqui 3.326 que foram ter às unidades sanitárias e sobre quem se comprovou ter sido atingidos pela doença.
As autoridades governamentais têm os olhos postos para o norte da província, um grande enfoque para a disseminação das mensagens à volta dos hábitos higiénicos para evitar a doença. A Direcção Provincial de Saúde tem lá montado o seu “quartel-general” e o Governador Provincial, Eliseu Machava, tem sempre uma paragem obrigatória, na aldeia Mieguelewa, nas suas deslocações aos distritos para lá do Rio Messalo.
O reaparecimento da cólera, a partir do norte da província, apanhou desprevenidos todos aqueles que pensavam, em função dos factos que anualmente se davam, que era difícil que naquela região a doença tivesse lugar em razão dos hábitos culturais e higiénicos que são distintos dos distritos do sul, onde anualmente se reportam casos daquela epidemia.
O director provincial de Saúde havia se congratulado ainda no princípio deste ano com o facto de nos distritos nortenhos as populações terem hábitos que evitavam muitas doenças, referindo-se ao uso de latrinas e higiene ambiental notáveis.
Desta vez, o consumo de água imprópria é a razão principal da eclosão da doença e nos casos da aldeia Mieguelewa, no baixo-Muidumbe e em Mocímboa da Praia, associam-se factores ligados às precárias condições de saneamento do meio.