Maputo e Matola ainda a seco
* Realidade contrasta com o que o Governo tem dito e escassez de gasolina e diesel parece estar para durar, apesar de ontem já se terem visto camiões-tanque a abastecer estações de serviço
A crise de combustíveis em Maputo e Matola, mas também na região centro do País, continuou ontem a ser um assunto não resolvido. No Norte não se faz sentir. Tudo corria normalmente.
Ontem, em Maputo, já se viram alguns camiões-tanque a abastecerem algumas estações de reabastecimento, mas o problema estava bem longe de solucionado. Nas bombas onde havia combustível à venda havia também bichas de viaturas que fazem lembrar o tempo do regime de partido único em que tudo faltava e os combustíveis eram racionados.
Ao princípio da noite de ontem ainda não havia «fumo branco» nas negociações entre o Governo e as petrolíferas e tudo indicava que a crise se poderá prolongar. A maioria das bombas continuavam encerradas sem uma gota de gasolina ou de diesel, mas lá foi aparecendo uma ou outra com gasolina ou gasóleo, em todos os casos ou com uma coisa ou outra.
As bombas da Petromoc – a gasolineira do Estado, essa que o ministro da Energia Salvador Namburete disse publicamente que ía salvar a situação – não diferiam das outras da SASOL, da BP, da ENGEN, da TOTAL ou da GALP. Também não tinham combustível.
Tanto quanto se sabe e apesar da associação das petrolíferas pura e simplesmente se ter remetido a um silêncio serrado, a crise deve-se ao facto das gasolineiras se queixarem de que estão a perder dinheiro por alegadamente estarem a vender abaixo do custo.
Os preços de retalho em vigor no País são do momento em que os combustíveis estavam a cerca de metade do preço que estão hoje no mercado internacional.
O ministro da Energia afiança que não vai haver aumentos de preços. As eleições estão à porta e não convém ao partido governamental – Frelimo, mexer nos preços. É o comentário que mais se ouve. Salvador Namburete diz, entretanto, que através da supressão de impostos ou mesmo até com dinheiro para subsidiar os prejuízos de que se queixam as petrolíferas, há-de haver uma solução que não passe pelo agravamento dos preços aos público. O Governo, no entanto, parece não estar tão confortável como se pode imaginar tendo presente a confiança que o ministro Namburete pretende transmitir. Os mais avisados não acreditam que seja possível pagar a fornecedores do Estado, suportar despesas de governantes envolvidos em pré-campanha eleitoral em todo o País, designadamente as presidências abertas do PR, e ao mesmo tempo subsidiar os preços de combustíveis. Anda todo o mundo numa enorme expectativa.
Internacionalmente os preços continuam a subir. Ontem, por exemplo, voltou a ser anunciada uma nova subida do preço do petróleo. Subiu, a superar os 68 dólares americanos o barril.
Quando os preços em vigor em Moçambique foram estabelecidos quando o barril custava na ordem de quarenta dólares americanos.
O crude de referência para entrega em Setembro subiu 33 cêntimos e foi transaccionado ontem a 68,38 USD o barril na Bolsa Mercantil de Nova York.
O petróleo aumentou este mês 10 dólares o barril.
Em Londres, o Brent do Mar do Norte subiu ontem 49 cêntimos do USD para 70,81 dólares o barril na bolsa de Futuros ICE. A este ritmo não se vislumbra que o ministro possa vir a cumprir com os bons sinais com que tem estado a tentar induzir o público.
Dizer, entretanto, que Moçambique tem, de há um ano para cá, mais cem mil viaturas do que tinha há um ano atrás. Os números oficiais indicam que o parque automóvel é actualmente de 300 mil viaturas.
CANALMOZ – 28.07.2009
NOTA:
O problema apenas reside na proximidade de eleições. O que se não paga agora, pagar-se-á depois. O que se não paga de uma maneira, será pago de outra. A não esquecer.
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE