Afonso Dhlakama desabafa:
“Ou se realiza recenseamento de facto, ou Guebuza seja declarado rei de Moçambique. Vamos parar de enganar os moçambicanos...” Afonso Dhlakama, presidente da Renamo
O presidente da Renamo, Afonso Dhlakama, manifestou-se indignado com a forma como está a decorrer o processo de actualização do recenseamento eleitoral no País. Diz que não está a acontecer recenseamento nenhum, e, por isso, propõe a realização de novo recenseamento bem planificado, para que as pessoas possam votar de facto, ou se destape o véu, e Guebuza seja declarado rei de Moçambique.
Dhlakama fez estes pronunciamentos na manhã da sexta-feira última, momentos depois de depositar a sua candidatura na sede do Conselho Constitucional, em Maputo.
Questionado se a realização de novo recenseamento não implicaria o adiamento da data marcada para a realização das eleições, o presidente do até agora maior partido da oposição, disse que “não adianta corremos para a realização das eleições, se não estão criadas as condições” para que isso aconteça. “A questão da data não é nada. Isso é o mesmo que dizer que vamos ao jogo porque já chegou a hora, quando não há jogadores no campo”, disse o líder da Renamo, em referência aos crónicos problemas que afectam o recenseamento eleitoral.
“Nós avisámos, em 2007, que aquelas máquinas não iam servir. Gostaríamos que, de facto, a imprensa moçambicana não tratasse esta questão como uma propaganda contra Guebuza ou contra a Frelimo; a verdade é que estamos preocupados, porque não temos eleitores”, prosseguiu Dhlakama.
Como saída para estes problemas, Dhlakama propõe uma replanificação do recenseamento. “Não estou preocupado com a data” das eleições, sublinha.
Entretanto, Afonso Dhlakama tornou-se no terceiro elemento oficialmente inscrito no Conselho Constitucional, como candidato à presidência da República. O primeiro a inscrever-se foi o actual chefe de Estado, Armando Guebuza, a 18 de Junho passado. Seguiu-se-lhe Daviz Simango, que concorre, pela primeira vez, ao cargo. Este apresentou a candidatura, quinta-feira última. Ainda há uma extensa lista de prováveis candidatos, que já declararam que tencionam concorrer à presidência da República, mas os que já estão oficialmente inscritos são apenas três.
“Sondagens me dão vantagem”
O candidato da Renamo que concorre pela 4ª vez ao cargo de chefe de Estado, disse que, fora as adversidades que enumerou, relacionadas com o fraco recenseamento dos eleitores, existem sondagens realizadas por entidades nacionais e estrangeiras que lhe conferem vitória nas urnas. “Se não estivéssemos no país em que estamos, a esta altura estaria a preparar-me para tomar posse como presidente da República”, disse Dhlakama, que disse apoiar-se nas sondagens referidas.
Dhlakama foi oficialmente derrotado duas vezes por Joaquim Chissano, em 1994 e 1999. A terceira derrota averbou-a diante de Armando Guebuza, em 2004. Sempre se posicionou como o segundo candidato mais votado, nos dois primeiros pleitos. Todas as vezes em que concorreu e saiu derrotado, nunca assumiu a derrota como tendo sido resultado da votação dos cidadãos. Sempre fez referência a fraude perpetrada pela Frelimo.
Em 1999, a última vez que defrontou Joaquim Chissano, as eleições estiveram rodeadas de sérios problemas de facto. Em 2004, a primeira vez que defrontou Armando Guebuza, em certas zonas do país houve mais votos do que eleitores.
(Borges Nhamirre) – CANAL DE MOÇAMBIQUE – 27.07.2009