Oficiais séniores da Bacia do Zambeze da Comunidade dos Países da Africa Austral(SADC), estão na capital do país, naquela que é considerada mais uma etapa de negociação sobre a gestão de recursos hídricos partilhados, sobretudo do grande rio Zambeze, encontro que surge em preparação da reunião dos ministros da SADC deste pelouro, a acontecer já amanhã.
De acordo com o Vice-ministro das Obras Públicas e Habitação, Gabriel Muthisse, a cooperação nesta área se reveste cada vez mais, de particular importância na região da SADC, se se considerar que cerca de 15 bacias hidrográficas são compartilhadas, recursos hídricos estão distribuídos de forma desigual e a população cresce de maneira acelerada.
Somente a Bacia do Zambeze é partilhada por oito países, nomeadamente, Angola, Botswana, Malawi, Moçambique, Namibia, Tanzânia, Zimbábwè e Zâmbia. Para melhorar a gestão deste recurso, está em curso a adopção de um instrumento denominado, ZAMCOM, Comissão do Zambeze, que vai promover a igualdade e uso racional dos recursos hídricos da Bacia do Zambeze.
Neste momento, seis dos oitos países que partilham a Bacia do Zambeze, já ratificaram este instrumento, incluindo Moçambique.
Para o Vice-ministro da Obras Públicas e Habitação, a coordenação na gestão da Bacia do Zambeze, está num bom caminho, sobretudo no que diz respeito, à troca de informações, tendo destacado a relação entre as maiores duas barragens da região, Cahora Bassa e Cariba.
Ressalvou no entanto que, os recursos hídricos não podem ser encarados somente, como factor de inundações, mas sobretudo, de desenvolvimento, daí a razão de uma melhor cooperação, por forma a que, toda e qualquer infraestrutura que for erguida ao longo da mesma, não seja em prejuízo de nenhum Estado membro.
“Nós, como país da jusante, continuaremos engajados na cooperação com a região, na gestão de bacias transfronteiriças”, assegurou o governante para de seguida frisar que “a elaboração da estratégia de gestão integrada dos recursos hídricos constitui um passo na direcção certa, o desafio que se coloca reside na sua implementação por forma a transformar o potencial que estes recursos comuns representam, num factor de desenvolvimento da região”.
“Estou ciente na complexidade do processo em que estamos envolvidos, e que até agora, tem sido uma longa marcha, mas estou optimista com os passos que temos vindo a dar no sentido de materializar a visão da SADC”, sublinhou Muthisse.
Por seu turno, Julião Alferes, director Nacional de Águas, disse ter expectativas de que com o encontro se continue o dialógo, e sendo Moçambique um país a jusante tem muito interesse que este acordo seja ractificado, por todos os Estados membros da região, “temos muitos projectos na Bacia do Zambeze e para que sejam efectivados, precisamos que haja uma coordenação entre os países membros”, explicou Alferes.
Nelson Nhatave - DIÁRIO DO PAÍS – 07.07.2009