Por: Edwin Hounnou
Dois Peixes com Legumes é uma publicidade enganosa que começa ainda de madrugada. É uma publicidade enganosa que está a passar na Rádio e TV. Incita nos potenciais eleitores a escolherem o prato de peixe com legumes, nas próximas eleições Presidenciais, Legislativas e para as Assembleias Provinciais. Aparece um casal, num restaurante, para jantar. A mulher, autoritária, impõe ao marido que consultava o menu, a ter que comer um prato de peixe com legumes.
A publicidade passa, em parte, num cenário com fundo vermelho, que simboliza as cores do partido Frelimo.
Aos que duvidavam da parcialidade de alguns membros da Comissão Nacional de Eleições, CNE, têm, agora, a oportunidade de dissipar as zonas de penumbra porque aquele órgão de condução do processo eleitoral está arregimentado a interesses obscuros.
Essa publicidade que induz aos eleitores a escolherem a Frelimo é da autoria da CNE. Este órgão que deveria inspirar confiança nos eleitores, é suspeito de colaboracionismo.
Esta publicidade é só tolerável onde a oposição é inexistente ou anda distraída. Por serem tendenciosos, os seus mentores deveriam ser repudiados e expulsos daquele órgão eleitoral. Esta publicidade deveria ser considerada delito eleitoral, punível nos termos da legislação em vigor. A oposição deveria fazer uma queixa ao Conselho Constitucional e pedir, com agravo, a expurgação dos seus mentores da CNE, acusados de práticas fraudulentas.
Nem mesmo que seja para preservar as altas mordomias em que se encontram envolvidos os membros da CNE, eles deveriam, por incumbência da sua missão, abster-se de ajudar partidos a manterem-se no poder ou apoiá-los a subir. Esta aspiração colide com a sua tarefa que consiste na condução dos processos eleitorais com equidistância, isenção, objectividade e transparência, segundo reza a cartilha que pontapeiam.
A CNE, que o discurso oficial tenta passar a imagem de um órgão digno de confiança do povo e dos partidos concorrentes porque dirigido, na sua maioria, por uma suposta incaracterística sociedade civil com cartões de partidos nos bolsos e quotas em dia, deixa prever que fará muita confusão para agradar ao patrão, nas eleições do próximo Outubro.
É esta CNE fechou os olhos e fez-se de surda aos candidatos da Renamo para o município de Mandlhkazi preso no início da campanha eleitoral, pela polícia por motivos aparentemente políticos contrariando a lei. Os de Dondo e Gorongosa, impedidos, por indivíduos que queriam estar sozinhos na pista, de concorrer às eleições autárquicas de Novembro de 2008, alegando que eram não-residentes nos municípios em que pretendem concorrer.
A CNE ficou calada e dobrou-se em si feita que nem caracol apavorado, perante graves atropelos à lei eleitoral.
Não tugiu nem mugiu, apesar de protestos contra as ilegalidades protagonizadas por indivíduos ligados ao partido no poder. Ao arquitectar fraude de tal modo, a CNE vira um problema sério para o processo eleitoral.
A TRIBUNA FAX – 09.07.2009
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