MOÇAMBIQUE vai ficar praticamente parado neste sábado para dar lugar a cerimonia solene de inauguração da ponte sobre o rio Zambeze, baptizada com o nome Armando Emílio Guebuza, ligando as margens das regiões de Caia, em Sofala, e Chimuara, na Zambézia, num acto a ser orientado pelo respectivo patrono, Presidente da República.
Pela sua dimensão nacional histórico-cultural e político-social, espera-se que estejam presentes no acto mais de 50 mil pessoas, destacando-se mil convidados incluindo alguns parceiros, como os representantes dos governos da Suécia, Itália e Japão, que financiaram o empreendimento com cerca de 80 milhões de euros.
Esta tanta ansiedade visa testemunhar o fim do drama na travessia deste curso de água que se caracterizava por longas filas de viaturas, numa região desprovida de condições condignas de saneamento básico e de alojamento com oportunismo à mistura dos operadores informais baseados na zona, o que, na verdade, sufocava em larga escala os viajantes.
Para terminar mesmo com este sofrimento, o Chefe do Estado, segundo a programação da efeméride, deverá ser o último passageiro a atravessar o Zambeze de batelão do lado de Chimuara a Caia, devendo simultaneamente ser o primeiro automobilista a pagar simbolicamente a portagem na ponte no sentido inverso. Depois disso, vão se seguir as cerimónias tradicionais nas duas margens, incluindo um comício popular que deverá
terminar com um espectáculo musical, em Chimuara.
A Polícia começou a montar dispositivos de segurança ao longo da Estrada Nacional numero Um, na Zambézia e Sofala, como forma de reduzir os acidentes que nos últimos dias atingiram proporções alarmantes. A Policia de Transito está preparada com balões para controlar o consumo de álcool pelos condutores e fixou a velocidade máxima de 80 quilómetros por hora.
Depois de 26 anos de uma completa paralisação da Linha de Sena, devido
ao último conflito armando, está projectada esta sexta-feira a circulação do primeiro comboio de passageiros da Beira à vila de Caia integrado nesta inauguração, sendo que as carruagens deverão também servir de alojamento aos participantes.
Vários outros transportadores públicos e privados vão dar caminho às margens do grande Zambeze para este acto e a indústria hoteleira anunciou a presença de pelo menos oito restaurantes. Além disso, algumas salas de aula serão reservadas ao alojamento em Caia, numa altura em que decorre a abertura de uma área de campismo em Chimuara.
Num acto que se espera bastante envolvente e agitado, arrancou também o ensaio de perto de 200 elementos do protocolo, 100 activistas de primeiros socorros, incluindo tradutores e seus suplentes em línguas inglesa, chissena e chuabo.
A ponte sobre o Zambeze foi erguida na base de uma tecnologia de ponta a nível de Africa, através da viga de lançamento sem a necessidade da mudança do seu comando na construção do tabuleiro, lugar onde vão circular pessoas e bens. Tem uma extensão total de 4900 metros, sendo 710 no leito, 1666 em terra-firme e os restantes de acesso. Trata-se da segunda maior infra-estrutura hidráulica em Moçambique depois da de Ilha de Moçambique, em Nampula.
Foi construída pelo consórcio português denominado Mota-Engil e Soares da Costa, sob fiscalização também estrangeira. A obra teve uma duração 36 meses, previstos no projecto, e iniciaram precisamente em Março de 2006.
- Horácio João