A POPULAÇÃO da vila-sede de Cheringoma, em Sofala, acusa os secretários de bairro de fazerem cobranças ilícitas como condição para a aprovação dos projectos de financiamento de Investimento de Iniciativa Local (FIIL). Afirmam que o valor cobrado depende do montante que pretendem para os seus projectos.
A denúncia foi feita num comício recentemente orientado pelo governador daquela provincia, Alberto Vaquina.
Lúcio Patrício, residente na vila, disse que os secretários de bairro não têm conhecimento dos critérios para aprovação dos projectos na sua comunidade. Ajuntou que eles sempre privilegiam os seus familiares e amigos, em prejuízo de cidadãos que apresentam projectos elegíveis.
“Eu todos os anos elaboro o meu projecto e ajudo os meus amigos também a desenhá-los, mas nenhum desses projectos é aprovado, porque sempre me recusei a subornar os secretários. Os meus amigos que aceitaram suborná-los já beneficiaram desse dinheiro”-revelou.
Maria Ângelo, também residente em Cheringoma, confirmou a existência de cobranças ilícitas no processo de apuramento dos projectos a serem submetidos ao Conselho Consultivo Distrital.
“Eu sou um exemplo claro. Elaborei um projecto de instalação de uma indústria moageira, mas o secretário do bairro onde resido disse que pretendia ter uma margem deste valor que pedi. Eu não aceitei esta burla, porque sabia que o valor que receberia tinha que o reembolsar sozinha”- denunciou.
Acrescentou que os secretários de bairro estão a ser oportunistas dada a facilidade que o Governo os concedeu de serem eles os responsáveis pelo encaminhamento das listas dos candidatos a beneficiarem dos “sete milhões”.
Por seu turno, Marque Fombe afirmou que muitos secretários dos bairros estão a melhorar a sua vida graças ao valor que cobram aos donos dos projectos.
Fombe disse que já encaminhou o problema ao administrador distrital no ano passado, embora não tenha obtido qualquer resposta.
Perante este facto, o Governador de Sofala, Alberto Vaquina, disse que os projectos também podem ser submetidos a avaliação dos líderes comunitários caso a população questione a seriedade dos secretários de bairro. Aconselhou a população a respeitar os secretários de bairro, mas sem deixar de denunciarem práticas corruptas.
“Quem aprova os projectos são os membros do Conselho Consultivo Distrital e não os secretários de bairro. Sei que eles têm uma quota-parte no encaminhamento dos projectos para a sua deliberação”- observou.
O timoneiro de Sofala prometeu investigar com profundidade este assunto e apurar a sua veracidade.
“Se
isso está a acontecer temos que agir o mais rápido possível. Aquele
dinheiro vem para ajudar as pessoas com projectos para desenvolver o
distrito e não para oportunistas. A pessoa que for encontrada a agir
deste género iremos tomar medidas contra ela” - disse aquele dirigente,
tendo apelado à população a denunciar os secretários de bairro que
cobrarem qualquer valor para garantir o encaminhamento do seu
projecto.
NOTA:
Quando é que o Governo acaba com esta modalidade dos "sete milhões"? Quando é que o Governo apresenta contas de quantos "sete milhões" já foram disponibilizados, quanto já deveria ter sido reembolsado e não foi. No total. Estes "sete milhões" da forma que o sistema está implantado não tem responsáveis e até parece que é essa a intenção do Governo(Frelimo). É um autêntico "caça votos" para o partido do Governo.
E, já agora, quantos postos de trabalho foram efectivamente criados e são consistentes. Não os que constam nos projectos.
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE