Interesses políticos estão acima da agenda da nação
“Quando vimos que aquele que ganhou as eleições governa sozinho, excluindo outros moçambicanos, sentimos a necessidade de nos candidatarmos. Os candidatos não são donos das soluções absolutas para os problemas de Moçambique. Todos devemos participar na agenda da nação” - Yaqub Sibindy, presidente do PIMO, falando momentos depois de depositar a sua candidatura à Presidência da Repúbliva, no Conselho Constitucional
O presidente do PIMO, Yaqub Sibindy, condicionara a sua candidatura à presidência da República, ao bom desempenho do actual executivo. Ao inscrever-se ontem no Conselho Constitucional, o também presidente da chamada Oposição Construtiva disse que o fez porque, durante o presente mandato, sentiu que “interesses políticos estiveram acima da agenda da nação”.
Sibindy tornou-se, ontem, no quarto candidato oficialmente inscrito no CC, concorrendo às 4ªs eleições presidenciais de 28 de Outubro próximo. Apresentou ao presidente do CC (Conselho Constitucional), António Luís Mondlane, todos os requisitos exigidos por lei, de entre os quais 12.610 assinaturas de cidadãos que apoiam a sua candidatura. Tornou-se num dos veteranos na concorrência à presidência da República, ao totalizar 4 candidaturas apresentadas, das quais a última, referente ao escrutínio de 2004, foi rejeitada pelo CC.
Falando à imprensa, ao sair do CC, disse que a sua candidatura foi motivada pelo incumprimento das promessas do actual chefe do Estado, Armando Guebuza, que prometera pautar-se por uma governação inclusiva. “Quando vimos que aquele que ganhou está a governar sozinho, excluindo outros moçambicanos, sentimos a necessidade de nos candidatarmos”, disse Yaqub explicando que, os candidatos não são donos das soluções absolutas para os problemas de Moçambique.
O presidente do PIMO diz ter sentido, durante a governação de Guebuza, que interesses políticos e pessoais estiveram acima da agenda da nação.
Quanto à expectativa dos resultados eleitorais, Sibindy disse que o seu adversário “é o desenvolvimento do País”, evitando assim falar dos outros concorrentes. No entanto, o presidente do PIMO viria a falar dos outros candidatos, para dizer que estes apresentaram as suas candidaturas sem estratégias eleitorais previamente definidas.
“O meu projecto de manifesto está neste momento traçado. O meu partido já tem manifesto. Contrariamente aos outros candidatos que vieram inscrever-se sem manifesto elaborado”, acusou.
O presidente do PIMO disse que o manifesto do seu partido assenta essencialmente em 7 políticas de governação, cujo objectivo é promover o desenvolvimento sustentável do País.
“Disponibilizar terra para todos os moçambicanos, promover parcerias com o sector familiar e criar um embrião para uma futura classe de empresários de sucesso do País”, são alguns dos pontos concretos que Sibindy enumerou como sendo prioridade para o governo que for a montar, caso vença as eleições.
“Moçambicanos estão cansados de comer peixe com legumes desde 1975”
Partindo da publicidade televisiva dos órgãos de administração eleitoral, que aconselha aos eleitores a escolherem os seus dirigentes para não serem governados por dirigentes eleitos por outros, Sibindy disse num tom humorístico que, a sua candidatura era um menu alternativo ao “peixe com legumes”, pois “moçambicanos já estão cansados de comer peixe com legumes desde 1975”. Usando a parábola, o presidente do PIMO estava a dizer que os moçambicanos estão cansados do governo da Frelimo, que está no poder desde 1975.
Inscrição termina amanhã
Entretanto, a candidatura à presidência da República que contava até ontem com 4 candidatos oficialmente inscritos, termina amanhã. A Deliberação nº 01 /CC/2009, de 23 de Abril, estabelece os requisitos legais exigidos para as candidaturas a presidente da República. Determina, no seu número 6, do artigo 11, que as candidaturas à presidência da República devem ser depositadas no CC até 15H30min do dia 29 de Julho de 2009. (Borges Nhamirre)
5.º candidato à Presidência da República
Raul Domingos inscreve-se hoje no Conselho Constitucional
O presidente do Partidopara a Paz Democracia e Desenvolvimento (PDD), Raul Domingos, um dissidente da Renamo e ex-negociador chefe do Acordo Geral de Paz em Roma, vai hoje à tarde ao Conselho Constitucional formalizar a sua candidatura a Presidente da República.
Raul Domingos passará a ser o quinto candidato a apresentar-se como candidato a desalojar Armando Guebuza da Ponta Vermelha.
Já se encontram inscritos no Conselho Constitucional (CC) como candidatos, Armando Emílio Guebuza, actual chefe de Estado e presidente do Partido Frelimo; Deviz Simango, presidente do Município da Beira e presidente do recém criado MDM; Afonso Dhlakama, presidente do maior partido da oposição parlamentar; eYaqub Sibindy, presidente do PIMO e da auto designada Oposição Construtiva. Com a inscrição hoje de Raul Domingos, poderá ficar definido o role de candidatos à Presidência da República, mas ainda há dois outros que poderá vir a inscrever-se a confirmar-se o que já declararam.
A existência de cinco candidatos já leva alguns observadores a admitir que terá de haver uma segunda volta nas presidenciais.
CANALMOZ – 28.07.2009