“Há sinais visíveis de cansaço na juventude moçambicana com relação à governação da Frelimo, porque já lá vão mais de 30 anos no poder” “A juventude tem uma cartada decisiva nestas eleições, porque forma a maioria da população em idade eleitoral. Gostaria de apelar aos jovens para não se deixarem amedrontar com as ameaças da Frelimo.” “As eleições deste ano poderão trazer mudanças, mesmo no tocante à afluência às urnas.” “Acredito que o povo poderá reagir com violência, caso a Frelimo ganhar fraudulentamente as eleições, porque as pessoas estão cansadas. Na democracia é preciso haver alternância.”
O presidente da Renamo, Afonso Dhlakama, numa entrevista que concedeu ao Canalmoz e ao Canal de Moçambique – Semanário, na Beira, disse que “há sinais visíveis” de que “a Frelimo está à rasca” porque “a juventude está cansada da Frelimo”. O líder da Renamo revelou-se, por isso mesmo, da opinião que a abstenção nas próximas eleições pode ser menor do que nas anteriores eleições.
A 28 de Outubro deste ano realizam-se em simultâneo as Quartas Eleições Gerais (Legislativas e Presidenciais) e as Primeiras para formação das Assembleias Provinciais.
Entretanto, o líder da Renamo exorta “a população a contrariar todas as manobras que estão a ser montadas para afastar o eleitorado das assembleias de voto para ao suscitar-se abstenção se beneficiar o Partido Frelimo.”
“Há mesas de voto que distam
30 quilómetros
Juventude pode decidir estas eleições
Para Afonso Dhlakama “a juventude tem uma cartada decisiva nestas eleições, porque forma a maioria da população em idade eleitoral”. Sendo assim, acrescenta: “Gostaria de apelar aos jovens para não se deixarem amedrontar com as ameaças da Frelimo”.
Dhlakama disse ainda que acredita que “a juventude terá uma palavra decisiva nestas eleições porque ela está votada à marginalidade, desempregada, enquanto o país é bastante rico e nele se vê as suas potencialidades serem distribuídas por um punhado de elementos da Frelimo.”
“A Frelimo está à rasca”
“Devo igualmente apelar à juventude, a quem cabe a grande responsabilidade de se desdobrar, para que eles e os seus pares não entreguem cartões de eleitor à Frelimo, nem forneçam o número dos mesmos, porque a Frelimo está à rasca”, acrescentou o líder da Renamo.
Acredito que o povo pode reagir com violência
Questionado pela Reportagem do Canalmoz e do Canal de Moçambique – Semanário, se irá recorrer a violência na eventualidade de perder as eleições, Afonso Dhlakama afirmou que “jamais a Renamo irá pegar em armas, porque a guerra não é a solução”.
“Acredito que o povo poderá reagir com violência, caso a Frelimo ganhar fraudulentamente as eleições, porque as pessoas estão cansadas. Na democracia é preciso haver alternância”.
Questionando ainda sobre a utilidade de manutenção da sua segurança pessoal em Marínguè, Dhlakama reafirmou que “decorre do Acordo Geral de Paz, assinado em 1992 com o presidente Joaquim Chissano. Daí é legal”.
“Quando a Frelimo diz que a minha segurança é uma ameaça a Paz é porque não consegue esvaziar o sentido da existência da Renamo, mas nunca logrará atingir o seu objectivo. É preciso que o povo entenda que a Frelimo recorre a tal para apelidar a Renamo de violenta, entre outros nomes que nos chama” mas “na verdade, é a Frelimo quem não quis que houvesse um exército unificado, tendo criado a Força de Intervenção Rápida (FIR), para satisfazer as suas aspirações comunistas”.
Os criminosos nas cidades
“Só se fala da segurança da Renamo, mas ninguém se pronuncia sobre os criminosos que devastam as cidades com recurso a metralhadoras”.
“Estive em Marínguè há dias e a população afirmou que a minha segurança não representa nenhum perigo e nem impede o investimento, como querem fazer crer”.
Dhlakama, entretanto, fez questão de acusar a Frelimo por uma prática que segundo ele está a ocorrer por todo o país. “Está a queimar bandeiras de partidos que se lhe opõem”. Regista o facto como um outro sinal de que de facto “a Frelimo está à rasca”.
Chipande está velho
Instando a pronunciar-se sobre as declarações do veterano da Frelimo, Alberto Joaquim Chipande, segundo as quais os libertadores da pátria fizeram a guerra contra o colonialismo para serem ricos, Dhlakama afirmou: “Talvez Chipande o tenha dito isso por estar velho. Na verdade essa é a linguagem da Frelimo.”
(Adelino Timóteo)
CANALMOZ - 2009-08-31