Em Maputo
O agravamento de preços de aquisição de madeira em toros, medida que vem desde 2007, na província de Maputo, é apontado como estando na origem do encerramento de pelo menos três serrações nas cidades de Maputo e Matola.
Actualmente, o metro cúbico de espécies madeireiras como a Chanfuta custa, no mercado de Maputo, 9.400 meticais, contra os anteriores 4.500 meticais, A Umbila está a 11.600 meticais o metro cúbico, contra 5.100 praticados até 2006, e a madeira de Panga-Panga está a 14.600 meticais, comparativamente aos 9.500 meticais do período em apreço, segundo disse ao Canalmoz, terça-feira, Gonçalves Manhique, proprietário da falida serração das Mahotas.
A fonte indicou ainda que há mais duas serrações que fecharam as suas portas devido à insustentabilidade de aquisição daquela matéria prima, nomeadamente as serrações de Mahlazine e de Salema, esta última localizada no bairro da Machava, na cidade da Matola.
A mesma fonte que estamos a citar anuncia ainda o “risco de desaparecimento total desta indústria, caso nada se faça, com urgência, visando salvaguardar o sector que tende a perder o seu campo devido ao elevado valor da compra da madeira”.
No entender deste nosso interlocutor, a falta de uma política do governo em relação às indústrias processadoras de madeira, coloca os empresários do ramo numa situação de “salve-se quem puder”, uma vez que os preços de revenda não são uniformes, ou seja, cada serração determina o seu valor e, diz Manhique, “muitas vezes o operador prefere ir pelo valor mais baixo, como forma de fazer retornar o seu investimento, mas sem rendimento nenhum”.
Num outro desenvolvimento ele aponta o dedo crítico ao governo, pelo facto de aplicar taxas elevadas aos madeireiros, sendo que o custo por abate do metro cúbico chega a ser pouco mais de dois mil e quinhentos meticais, sem contar com o transporte e pagamento do pessoal de arrasto.
Entretanto, a nossa reportagem ouviu Pedro Lampião e Arlindo Mapangue, ambos carpinteiros na Praça dos Combatentes de Moçambique, na cidade de Maputo, há mais de 15 anos, tendo-nos confirmado a subida do preço da madeira na capital do país.
Para estas duas últimas fontes, a alta de preços da madeira está a levar à falência muitas carpintarias e, só no presente ano de 2008, seis fabriquetas pararam com as suas actividades e mais outras tantas estão em vias de encerrar as suas portas “porque mesmo recorrendo à madeira já serrada, cada tábua chega a custar entre 700 a
Outro aspecto levantado pelos carpinteiros é o facto de o seu mercado estar a enfraquecer, sendo que as suas oficinas chegam a ficar mais de cinco meses sem clientes, o que é visto como derivado do elevado custo da matéria prima.
O elevado custo da matéria-prima é atribuído à exportação desenfreada que está a prejudicar imensas oportunidades de vida sustentada de inúmeras famílias e o enriquecimento desenfreado e repentino de um punhado de grandes figuras do Estado. Estado que aliás consegue cada vez menos cumprir a sua função reguladora pelo facto de continuar a haver no País legislação que defina os limites e as incompatibilidades entre o que é público e o que é privado. É mais um sector do país a desaparecer para que certas famílias enriqueçam enquanto outros passam para a miséria. (Fernando Joaquim)
CANALMOZ – 27.08.2009