Quando faltam 20 dias para o início da campanha eleitoral
“Não desminto, nem confirmo. Não tenho conhecimento de que ele (Anibalzinho) tenha sido recapturado. Vamos dar tempo ao tempo. A Polícia está a trabalhar. Desde o dia em que ele fugiu, que a Polícia está a trabalhar visando a sua recaptura” – Jorge Khálau, Comandante-geral da Polícia da República de Moçambique, em declarações ao Canalmoz
O ping pong da jogada sobre a fuga e recaptura de Anibalzinho voltou à ribalta. Depois do criminoso que liderou a quadrilha condenada em Tribunal, pelo assassinato do jornalista Carlos Cardoso se ter evadido, misteriosamente, das celas do Comando da PRM na cidade de Maputo, a 7 de Dezembro do ano passado, (não passava um mês após a realização das 3ªs eleições autárquicas de 19 de Novembro), na tarde da sexta-feira passada foi recapturado pela Polícia sul-africana, naquele país vizinho. O mesmo sucede quando falta menos de um mês para o início da campanha eleitoral (13 de Setembro próximo) para as 4.ªs Eleições Gerais e 1.ªs das Assembleias Provinciais.
Recorde-se que em entrevista recente ao “Canalmoz” e “Canal de Moçambique – Semanário”, o antigo director da PIC na Cidade de Maputo, Domingos Maita, considerou Anibalzinho como “uma moeda de troca entre os criminosos e os políticos”. A ilação obviamente tem contornos que tocam a sucessão na liderança do partido Frelimo dada a ligação que sempre se fez entre o assassinato do jornalista Carlos Cardoso e o antecessor de Armando Guebuza, por via do falecido Nyimpine Chissano.
Fontes da PRM confirmaram-nos a notícia da recaptura do mediático cadastrado, Anibal dos Santos Junior (Anibalzinho), na sexta-feira última, na cidade de Johanesburgo, na vizinha África do Sul.
Segundo fontes policiais, Anibalzinho terá sido capturado naquela cidade, quando em trânsito, proveniente da capital do Reino Unido, Londres.
Está em Pretória na C-Max
Por outro lado, uma fonte da Polícia de Investigação Criminal (PIC), confirmou ao Canalmoz e ao Canal de Moçambique a recaptura de Anibalzinho, e adiantou que enquanto se aguarda pela sua extradição para Moçambique, o famoso mecânico de Alto-Maé está encarcerado na cadeia de máxima segurança sul-africana, designada C-Max, a mesma onde se encontra um outro mediático cadastrado moçambicano, Ananias Mathe.
Jorge Khalau admite recaptura
Ao Canalmoz, o Comandante Grela da PRM, Jorge Khalau, não confirmou nem desmentiu a notícia da recaptura de Anibalzinho, tendo admitido, no entanto, esta hipótese, alegando que “a Polícia está a trabalhar, desde que ele se evadiu das celas do Comando, para a sua recaptura”.
“Mas agora que a Polícia tomou conhecimento através da comunicação social, da alegada recaptura de Anibalzinho, já procurou se informar melhor junto da Polícia sul-africana?”, questionamos ao Comandante-geral. Jorge Khalau respondeu-nos nos seguintes termos: “Vamos deixar a Polícia trabalhar. A Polícia está a fazer o seu trabalho. Como disse, não confirmo, nem desminto”.
Anibalzinho fugiu das celas da comando da PRM na manhã do dia 7 de Dezembro passado, na companhia de outros dois comparsas seus, nomeadamente Todinho, que era indiciado na morte do director da Cadeia Central de Maputo mas que viria a ser abatido pela Polícia, dias depois da sua alegada fuga das celas do Comando da PRM, e Samito, acusado de prática de uma dezena de homicídios, entre os quais o assassínio de quatro agentes da polícia e de um cidadão de origem paquistanesa, mas que também já foi recapturado pela Polícia.
Anibalzinho forçou reformas na corporação
A fuga de Anibalzinho levou a fortes reformas no seio da corporação. Depois de se ter evadido das celas do Comando da PRM em Maputo, a 7 de Dezembro. Dez dias depois, isto é, a 17 de Dezembro de 2008, o Chefe do Estado, Armando Guebuza, exonerou o então Comandante Geral da PRM, Custódio Pinto, e nomeou para o seu lugar, o actual comandante, Jorge Khalau. Na altura houve até forte turbulência no seio da PRM que culminou em assassinatos de altas patentes e perdurou enquanto a capital vivia apavorada com sucessivos acontecimentos violentos e subida repentina dos índices de criminalidade violenta.
Por sua vez, a 23 do mesmo mês de Dezembro, o ministro do Interior, José Pacheco, exonerou José Domingos Tomás, do cargo de comandante da PRM na cidade de Maputo, e indicou para o lugar, o actual comandante, José Weng.
Embora não oficialmente confirmado pela Polícia moçambicana, fontes seguras da mesma corporação garantiram ao Canalmoz a recaptura de Anibalzinho e disseram-nos que, brevemente, poderá desembarcar no Aeroporto Internacional de Maputo, de regresso ao País, especulando-se que isso possa suceder quando for mais conveniente para um exercício de propaganda política a que a PRM possa vir a prestar-se. (Borges Nhamirre)
CANALMOZ – 24.08.2009