Reunido ontem em 1ª sessão
ordinária
Neste
momento em que a escassez de combustível nas bombas de abastecimento atingiu o
pico, e inclusive em algumas cidades como é o caso concreto da província de
Manica onde certas actividades económicas estão já paralisadas e há carros
imobilizados, em Maputo, a capital do País, o Governo Central reuniu ontem em
Conselho de Ministros e nada discutiu relacionado com instalada crise dos
combustíveis. Quem o disse foi o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros e
Cooperação, Vitor Bernardo. Justificou o facto alegando que o assunto está
sendo tratado ao nível do Ministério da Energia.
Victor
Bernardo, que substituia o habitual porta-voz do Conselho de Ministros, Luís
Covane, disse que o órgão obedece a uma agenda fixada antes do início das
sessões, e a crise dos combustíveis, “não foi agendada” para a sessão de ontem.
Os
jornalistas que estavam ansiosos em saber o que o governo tem a dizer acerca da
instalada crise de combustíveis, foram insistindo com questões ao
vice-ministros, mas este sempre repetiu o mesmo refrão “não foi agenda do
conselho de ministros, para a sessão de hoje”.
Crise continua em Maputo
Enquanto
o Governo central se reuniu, e nada abordou sobre a escassez do combustível nas
bombas de abastecimento, nas gasolineiras, o cenário continuava o mesmo.
As
estações de serviço andam às moscas. Têm colado nas bombas papéis em que se lê:
ESGOTADO. Onde aparece combustível há longas filas de viaturas. As bombas
Petromoc (Petróleos de Moçambique), a empresa pública, vão tendo combustível,
mas o facto é que acaba depressa e as bombas desta companhia não são
suficientes para resolver a demanda.
Negociações sem soluções
As
negociações entre os representantes do Ministério da Energia e das
gasolineiras, segundo o porta-voz do Governo, até aqui ainda não conheceram
nenhum resultado palpável.
Tudo
quanto se sabe, é que de quando em vez, o governo aparece a dizer que “as
negociações estão no bom caminho”. O facto, porém é que o País está a parar aos
poucos e não se vislumbra solução.
Enquanto
os Postos de Abastecimento continuam sem combustível, o cidadão é que paga.
Está a viver um clima de “morte lenta”, com as actividades a desacelerarem,
umas, e outras mesmo já a pararem.
As
petrolíferas exigem o aumento dos preços da venda dos combustíveis a retalho,
ou a redução dos impostos para compensar. Pretendem algo que os compense dos
prejuízos comerciais que têm vindo a acumular.
A
avaliar pela demora que está a acontecer nas negociações, tudo indica que o
governo ainda não cedeu, mas o facto é que se estima que os prejuízos para os
utentes estão claramente a ser mais graves do que seriam os efeitos negativos
que o agravamento dos preços suscitaria.
Sabe-se
que cerca de 60% do preço praticado na comercialização do combustível a
retalho, representa os diversos impostos que são tributados ao gasóleo,
gasolina, e outros produtos petrolíferos.
Os
preços me Maputo, Matola, Beira e Nacala são iguais, mas no resto do País os
combustíveis variam de preço consoante se afastam dos portos ou estações
oceânicas de importação, devido aos acréscimos suscitados pelos custos do
transporte rodoviário ou ferroviário.
O
combustível entra no país importado pela IMOPETRO (Importadora Moçambicana de
Petróleo - SARL).
A
IMOPETRO é uma empresa participada por todas as gasolineiras que operam em
Moçambique.
O
ministro da Energia, Salvador Namburete tem dito que há combustíveis
suficientes em stocks nos parques de tanques do país, mas o facto é que está a
ser levado a conta gotas para as estações de serviço porque o Governo não quer
que os preços subam.
De
acordo com números que nos estão a chegar, mas que ainda não foram confirmados
oficialmente, nem pelas petrolíferas nem pelo Governo, as gasolineiras querem
um aumento de 6,00 MT e 4,00 MT por litro de gasolina e gasóleo,
respectivamente. (B. Nhamirre)
CANALMOZ – 12.08.2009