A UNIÃO Africana (UA) realiza hoje uma cimeira especial na Líbia, na véspera do 40º aniversário do golpe de Estado que conduziu Mouammar Kadhafi ao poder, para discutir os constrangimentos específicos que o continente enfrenta. A UA, constituída por 53 países, aceitou a proposta do presidente em exercício feita em Julho último, altura em que a cidade mediterrânica de Sirty acolheu a segunda cimeira anual do órgão continental.
A cimeira especial vai anteceder as comemorações das quatro décadas do regime de Kadhafi à frente dos destinos daquele Estado africano.
O encontro de hoje constituirá a terceira cimeira da União Africana em 2009, porque este órgão se reúne duas vezes por ano. “Vamos centrar as nossas atenções nos conflitos que flagelam o continente e acreditamos que podemos lograr progressos com as discussões sobre a paz”, disse Ramtane Lamamra, chefe do Conselho de Segurança e Paz da UA, apontando o caso específico da Somália. Lamamra pediu mais apoio para a missão da manutenção de paz da UA estacionada naquele país do Corno de África, cujo contingente é calculado actualmente em cerca de cinco mil tropas.
“Espero que os países participantes escutem e ponderem sobre a mensagem. Deve haver vontade de contribuir não só para a Somália, mas também para todas as operações de paz da UA”, disse a fonte, citada pela agência de Informação de Moçambique (AIM).
Os capacetes azuis do bloco enfrentam sérios desafios na conturbada província ocidental sudanesa de Darfur e a força da missão conjunta (com as Nações Unidas) debate-se com insuficiência de fundos e material.
Segundo as Nações Unidas, cerca de 300 mil pessoas morreram no conflito e 2,7 milhões deslocadas, mas o executivo sudanês estima em apenas dez mil o número de vítimas.
A cimeira vai avaliar igualmente o impasse político na Guiné-Conakry, país da costa ocidental africana, e em Madagáscar, país insular da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), onde os respectivos governos foram derrubados apesar da condenação da UA. A segunda ronda do Diálogo Malgaxe terminou sexta-feira em Maputo, sem nenhum acordo em relação à figura do Presidente, seu Vice e o primeiro-ministro do governo de transição.
Contudo, a mediação das negociações, liderada pelo ex-presidente moçambicano, Joaquim Chissano, deu tempo às partes até sexta-feira próxima, para reflectirem e nomearem os futuros líderes do governo de transição.
“As acções da UA em parceria com a comunidade internacional geraram resultados positivos na Mauritânia e esperamos que o mesmo aconteça em Madagáscar e Guiné-Conakry”, sublinhou Lamamra.
A fonte afirmou que a cimeira de hoje, na Líbia, discutirá esses assuntos. Contudo, há, em geral, uma forte tendência do continente resolver esses problemas.