O Estudo de Pré-Viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito (EPDA) de construção da
Hidroeléctrica Mphanda Nkuwa (HMNK), sobre o rio Zambeze, prevista para um período de quatro anos e meio a partir de 2011, com uma capacidade de 1.500 MW, vai ser entregue até finais deste mês ao Ministério para a Coordenação da
Acção Ambiental (MICOA), para aprovação, conforme avançou Inês Guerra, do consórcio constituído pela empresa portuguesa «COBA» e da nacional «IMPACTO» - Projectos e Estudos Ambientais -.
O estudo prevê a construção da HMNK sobre o rio Zambéze, a cerca de 70 km a Nordeste da cidade de Tete e 60 km a Sudeste da barragem de Cahora Bassa, empregando mais de quatro mil(4.000) trabalhadores no período do pico das obras.
À margem do encontro de auscultação pública, Inês Guerra afirmou que os trabalhos do Estudo de Pré-Viabilidade e Definição do Âmbito, iniciados em Março último), envolveram uma larga equipa de técnicos especialistas nas várias áreas ambientais que reuniram um conjunto significativo de informações, através da busca bibliográfica, de trabalhos e estudos realizados, de levantamentos de campo e do contacto directo com organismos regionais e nacionais.
Outros técnicos envolvidos no estudo, apontaram os prováveis aspectos negativos da construção da barragem, mas inevitáveis neste tipo de empreendimentos.
Por exemplo, numa área de 100Km2, haverá danificação de culturas, árvores de fruta, e será necessário a transferência das pessoas e lugares sagrados como cemitérios e rituais tradicionais mas, outros especialistas não descartam a possibilidade da ocorrência do sismo, dada a localização da barragem, adiantando que não será de grande dimensão e nem irá afectar as estruturas da mesma pois, serão colocadas as medidas de segurança.
Contudo, Inês Guerra considerou que “a contribuição dos participantes foi muito positiva, na medida em que focalizou essencialmente os aspectos que vão de encontro com Estudo de Pré-Viabilidade e Definição do Âmbito, tais como sismo, o reassentamento”, acrescentando que “ainda há muito por fazer até a elaboração do verdadeiro Estudo do Impacto Ambiental, mas que a decisão de construir ou não a barragem é matéria que depende do Governo”.
Entretanto, técnicos e especialistas afirmaram que o estudo iniciado em Março passado foi intensivo e envolveu grande número de técnicos de diferentes ramos, entre, geológos, engenheiros, sociólogos, biólogos, entre outros, num processo que não só envolveu cientistas e consultores, mas também as partes interessadas e afectadas.
HMNK
O responsável do Projecto da Hidroeléctrica de Mphanda Nkuwa (HMNK), Egídio Leite, explicou que “a grande justificação da construção da barragem é da grande demanda de energia no país e na região, portanto a iniciativa insere-se na estratégia de política económica de gerar energia limpa a partir de recursos renováveis, numa altura em que a maioria dos países da SADC, obtém-na de fontes que libertam poluição ao ambiente”.
De acordo com Egídeo Leite, “20% da energia de Mphanda Nkuwa será destinada ao consumo interno, estando em estudo a construção de uma linha centro-sul, por empresa
Electricidade de Moçambique (EDM), o que poderá atrair investimentos no país”.
A HMNK vai ser construída por uma empresa brasileira denominada «Camargo Corrêa», com grande experiência no ramo. Aliás, ela foi construtora de 26 hidroeléctricas correspondentes a uma capacidade total de 37.500 MW, incluindo duas das cinco maiores no mundo e o volume será de 2.500 Milhões de metros cúbicos, correspondente a 5% da capacidade de HCB.
Conforme explicou Leite, a retenção da água será de 11 dias em média anual e 18 dias nos meses secos como em Outubro e, devido à alta tecnologia que será empregue – superior a de HCB - serão criados mais 100 postos de directos de trabalho.
(Aurélio Muianga)
VERTICAL – 11.08.2009