OS líderes políticos malgaxes irão encontrar-se novamente na capital moçambicana durante a próxima semana para discutir o enquadramento de cada parte no futuro governo de reconciliação acordado no passado dia 9 em Maputo, anunciou ontem a Agência Reuters.
A próxima ronda negocial, designada Maputo II, terá lugar entre os dias 25 e 26 de Agosto, revelou a Reuters, citando fontes próxima de Marc Ravalomanana, presidente deposto por Andry Rajoelina com o apoio de militares em Março último.
Os líderes políticos têm pela frente um prazo de 30 dias para nomear um presidente, um primeiro-ministro, três vice-primeiro- ministros e 28 ministros, segundo os termos do acordo de partilha de poder assinado na primeira ronda negocial.
Desconfianças e manipulações são apontadas como as principais razões para a realização do próximo encontro, isto após Andry Rajoelina ter referido, sexta-feira passada, que somente ele poderia liderar o país no processo de transição.
Entretanto, informações apontam para a existência de dificuldades por parte dos líderes malgaxes para pôr de lado interesses pessoais e trabalharem em conjunto, em conformidade com o acordo de partilha de poder.
“Será o encontro da próxima semana que determinará o presidente”, disse Fetison Andrianirina, chefe da delegação de Marc Ravalomanana em entrevista à Reuters. “Caso o primeiro acordo de Maputo não seja respeitado então o segundo acordo tem menores chances de ser bem sucedido”, acrescentou.
Segundo Andrianirina, as últimas declarações de Rajoelina sugerem que este não possui intenções de honrar o primeiro acordo ou que já não possui qualquer controlo sobre os seus apoiantes.
De acordo com fonte diplomática citada pela Reuters, enquanto o anúncio de uma data para a segunda ronda negocial constitui um desenvolvimento positivo, fica a dúvida sobre a presença dos quatro líderes que se fizeram presentes em Maputo na primeira ronda de negociações.
A delegação de Ravalomanana revelou que se faria presente nas conversações que são mediadas por uma equipa internacional, coordenada pelo antigo presidente de Moçambique, Joaquim Chissano, indicado pela Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC).
Para além de Rajoelina e Ravalomanana, o acordo político de Maputo foi também assinado pelos ex-presidentes Dídier Ratsiraka, exilado na França desde 2002, e Alberto Zafy.
Ravalomanana prometeu não fazer parte directa do processo de transição. O acordo de 9 de Agosto anula o processo judicial movido contra si por Rajoelina.