JIMMY Dludlu é, definitivamente, um artista de classe mundial. Provou-o no fim-de-semana, em Joanesburgo, durante a edição deste ano do Standard Bank Joy of Jazz, festival que há dez anos vem juntando estrelas locais e internacionais, com predominância para norte-americanas. Os americanos estiveram mesmo em peso, numa lista de que – só para citar alguns –, constavam os nomes de Norman Brown (que actuou na Páscoa em Maputo no II Moçambique Jazz Festival), Chieli Minnuchi, Phill Perry ou Marion Meadows. Mas foi o guitarrista do Chamanculo quem mais agradou a audiência que afluiu em grande número aos quatro palcos desta celebração do jazz.
Jimmy actuou na noite de sexta-feira, para uma audiência que podemos estimar em 500 pessoas. Parte considerável desse público preferiu abandonar as apresentações dos norte-americanos Chieli Minnuchi, Arlee Leonard e Ingrid Jensen (vocalista pouco conhecida dos públicos moçambicano e sul-africano), que decorriam em simultâneo.
A entrada do músico para o Mbira Stage, palco montado entre duas ruas de um quarteirão da baixa da capital económica, foi brindada por uma ensurdecedora ovação da plateia, ao que o músico moçambicano respondeu com uma actuação à altura da sua grandeza cada vez mais universal, e à altura também da sede da audiência.
O tema de entrada de Jimmy foi “Men Who Lost His Shadow”, de “Portrait”, o seu mais recente e que será seguido de um novo já em 2010. Durante pouco mais de hora e meia foram fluindo outros, como “Cape After Midnight”, “Linda”, “Africa Oye”, “Mdantsane” e tantos outros seleccionados de um repertório que, à medida que o tempo vai passando, fazem deste artista uma verdadeira referência no mundo do espectáculo.
Os sul-africanos e estrangeiros que acompanharam o festival e particularmente a exibição de Jimmy Dludlu renderam-se à pujança deste artista, expressando esse agrado através de mais variados comentários. Os órgãos de Informação locais que cobriram o festival foram unânimes a apreciar as qualidades e o espectáculo dado pelo moçambicano: “outstanding”! Curiosa foi a referência do “The Star”, que, a apreciar o festival todo, incluindo a apresentação de Norman Brown, preferiu chamar Jimmy Dludlu à primeira página. Numa fotografia a quatro colunas o diário simplesmente legendou: “Jimmy Dludlu: o maestro da guitarra”.
No cômputo das cerca de 40 apresentações desta edição do Standard Bank Jazz Festival, duas certamente ficarão na memória dos cerca de 20 mil amantes da música que a organização esperava: a de Jimmy Dludlu, sexta-feira, e a de… Norman Brown. São dois guitarristas cuja linha se confunde, uma vez que para além do instrumento partilham ídolos. Tanto um como outro seguem os passos de dois dos mais emblemáticos executores do mundo: o já mito George Benson e o não menos importante Wes Montgomery. Aliás, os dois artistas dividiram o palco na antecâmara do festival, numa sessão restrita para convidados da organização deste Standard Bank Joy of Jazz e foi interessante vê-los complementarem-se na sonoridade das suas guitarras. Exemplo disso foi o interessante dueto que fizeram de “That’s The Way Love Goes”, clássico de Jeneth Jackson que Brown incluiu no seu disco “After The Storm”.
- GIL FILIPE