Governo apresenta dados paradoxais
➢A Primeira-Ministra de Moçambique diz que a indigência está a crescer nas zonas peri-urbanas e rurais do país, ao mesmo tempo que fala do aumento da produção “agrícola em 2,9%” para mais adiante falar do registo de “índices bastante reduzidos de produtividade agrícola”
A insegurança alimentar crónica passou de 31% para 35% entre 2008 e 2009, segundo dados divulgados pela Primeira-Ministra, Luísa Diogo, salientando que grosso número dos agregados familiares a viverem na indigência é das zonas rurais e peri-urbanas.
Paradoxalmente, ela referiu que a produção agrícola aumentou em cerca de 2,9%, na campanha agrícola 2008/09.
Outro dado que aparenta fazer colidir os indicadores avançados pela governante é de que no período em análise Moçambique registou índices “bastante reduzidos de produtividade agrícola”, estando agora em curso esforços visando a inversão do cenário.
Tais índices situam-se em cerca de meio quilograma de cereais por agregado familiar agrícola, segundo o ministro da Agricultura, Soares Nhaca, situação derivada da fraca utilização de fertilizantes e pesticidas e também da distribuição desigual das potencialidades de produção agro-pecuária e condições agro-climáticas que se associam às calamidades naturais, problemas na comercialização dos excedentes e nos canais de distribuição de alimentos.
Como soluções, aquele governante disse que nos últimos dois anos o seu Governo está a implementar um plano de acção para produção de alimentos, tendo já conseguido que “a produção de milho passasse de 6%, em 2005, para 10% das explorações agrícolas, em 2008, enquanto que o desenvolvimento de programas de cultivo de arroz e do trigo dá como resposta o aumento da produção de cereais e de outras culturas alimentares”.
Dados oficiais indicam, entretanto, que cerca de 54,1% dos aproximadamente 20,4 milhões de moçambicanos vivem abaixo da linha da pobreza e que do mesmo universo cerca de 20,3% de moçambicanos vivem com menos de um dólar norte-americano, ou seja, menos de 26,5 meticais/dia, enquanto outros 59,2% vivem com menos 2USD/dia.
Estatísticas agrícolas
Luísa Diogo e Soares Nhaca falavam esta quinta-feira, em Maputo, durante trabalhos da Conferência Satélite Internacional sobre Estatísticas Agrícolas que reúne cerca de 180 participantes, entre peritos de estatísticas agrárias, parceiros de cooperação e governos provenientes de cerca de 30 países africanos e de outros continentes.
Até esta sexta-feira, os presentes debruçam-se sobre aspectos relacionados com a produção de estatísticas fiáveis, elaboração e implementação de planos estratégicos de desenvolvimento de estatísticas com uma perspectiva integrada, entre outros pontos.
CORREIO DA MANHÃ – 14.08.2009