MARCO DO CORREIO
Por Machado da Graça
Bom dia Pedro
Como vai a tua saúde, meu bom amigo? Do meu lado vai tudo bem, felizmente.
Hoje queria te falar de uma coisa que me está a parecer muito interessante neste período de précampanha eleitoral: o factor juventude.
Com a entrada na disputa do MDM e do seu presidente, Daviz Simango, está a entrar na primeira linha da política moçambicana uma nova geração, a geração dos filhos dos históricos da FRELIMO.
E não está a entrar nas fileiras das organizações juvenis partidárias. Está-se a atirar para responsabilidades mais altas, incluindo a própria Presidência da República, isto é a chefia do Governo.
E isso está a assustar os dois grandes partidos, cujas cúpulas têm mais 10 e mais 20 anos de idade.
Ninguém sabe muito bem como vão votar os jovens que, nas últimas eleições, se abstiveram, em massa, de ir às urnas.
Daí que se assista, por todo o lado, a um namoro político aos jovens. Umas vezes mais bem feito e outras menos bem.
Bizarra afirmação.
Dos nomes que me lembro neste momento nem um só se pode classificar de terceira idade. Serão velhinhos decrépitos Maria Moreno, Quelhas, Lutero
Simango, Geraldo de Carvalho, Linete Olofson ou Ismael Mussa?
E se estes são da terceira idade, de que idade será o próprio Afonso Dhlakama? Da quinta? Da sexta?
Será que a velhice é o que caracteriza o bom do Azagaia?
Francamente, o líder da RENAMO perdeu uma oportunidade soberana de ficar calado.
Principalmente depois de ter afirmado, ainda não há muito tempo, que não se pode confiar nos jovens porque eles muito facilmente se deixam tentar pelo dinheiro.
Se é com estes disparates seguidos que a RENAMO espera conquistar os votos dos jovens, pois parece-me que escolheu muito mal o seu caminho.
Mas agora, meu caro Pedro, gostaria de mudar de assunto.
Deves ter ouvido, como eu, a notícia de que a FACIM vai mudar as suas instalações para Marracuene.
E esta notícia tem, para mim, duas vertentes diferentes.
A primeira é saber se esta mudança vai ser positiva para a própria FACIM. Será que o público vai afluir à Feira, em Marracuene, como afluía aqui, em Maputo? Ou será que se decidiu que o público não é necessário à FACIM e apenas interessam os homens de negócios e os expositores? Tenho a sensação que, nos últimos anos, a tendência tem sido mais nesse sentido. Mas não estou certo sobre se esse afastar do público da Feira não será um erro.
A segunda vertente é saber o que vai acontecer ao terreno ocupado pela actual FACIM.
Depois de os eucaliptos que cobriam toda a zona em frente da Feira terem sido dizimados e substituídos por prédios de todo o tipo será que vamos ver o mesmo acontecer ao terreno onde estão agora os pavilhões?
A cidade está a ficar sem as suas zonas verdes.
Uma grande proporção das barreiras está já coberta de cimento. E o que ainda não está, para lá caminha, a passos rápidos.
Por que não aproveitar, então, o terreno que vai ser desocupado pela FACIM para criar um espaço verde, um jardim, com lagos e barcos, que permita o descanso e recreio dos citadinos?
Tenho a sensação que, se eu fizesse publicamente esta proposta, em vez de a estar a fazer nesta carta só para ti, muitos se iriam rir da minha ingenuidade.
Muitos diriam que as negociatas já devem estar bem adiantadas sobre o destino a dar àquele espaço.
Mas eu sou optimista e acredito que talvez ainda se esteja a tempo de pensar numa solução que beneficie todos e não apenas uma meia dúzia de moçambicanos.
A ver vamos.
Um abraço para ti do
Machado da Graça
CORREIO DA MANHÃ – 28.08.2009