Nesta tentativa de golpe de Estado quatro
moçambicanos foram mortos e outros quatro sul-africanos encontram-se detidos.
Estão parcialmente confirmadas informações que vinham
circulando na imprensa sobre o envolvimento de moçambicanos numa tentativa de
assalto à residência oficial do primeiro-ministro do Lesotho, ocorrido em Abril
último, uma operação que contou com a participação de indivíduos recrutados em
alguns países da região.
Ontem, Fernando Fazenda, Alto Comissário de Moçambique na África do Sul, disse
que nesta tentativa de golpe de Estado quatro moçambicanos foram mortos e
outros quatro sul-africanos encontram-se detidos em conexão que, segundo
afirmou, envolve outros indivíduos que continuam em parte incerta, noticia
nesta terça-feira o jornal Notícias.
Falando a jornalistas em Maputo, o diplomata disse que os corpos dos quatro
moçambicanos mortos deverão ser transladados para o país até finais da próxima
semana, assim que forem concluídos todos os procedimentos iniciados com o seu
reconhecimento pelos familiares. O governo, segundo Fernando Fazenda, chamou a
si a responsabilidade de custear todas as despesas inerentes à transladação,
atendendo a uma solicitação das famílias.
Segundo afirmou, dos cinco moçambicanos presos, um encontra-se encarcerado numa
cadeia no Lesotho e os outros quatro numa prisão na região de Free State, na
África do Sul, onde foram localizados juntamente com outros quatro comparsas
sul- africanos. Entretanto, ainda de acordo com a fonte, dois dos quatro indivíduos
identificados como sul-africanos reclamam a nacionalidade moçambicana, alegando
serem filhos de cidadãos originários de Moçambique.
Segundo o diplomata, citado pelo jornal, os moçambicanos envolvidos no caso
terão sido recrutados algures na Matola, por um indivíduo apenas identificado
por Bernardo, que lhes teria prometido emprego como agentes de segurança nas
obras de construção de infra-estruturas para acolher o campeonato mundial de
futebol a realizar-se em 2010 na África do Sul. Acto contínuo, segundo a fonte,
o grupo, em número ainda não especificado, teria sido conduzido até
Joanesburgo, numa zona conhecida por Orange Farm, onde se juntou a outros
indivíduos recrutados na África do Sul e no Lesotho, e lá permaneceu até ao dia
em que foi transferido para um acampamento próximo da fronteira com o Reino do
Lesotho.
“Segundo contam, foi neste lugar onde lhes foi comunicada a sua missão que era
de destituir o primeiro-ministro do Lesotho. Posto isto terão sido informados
que não tinham que se preocupar, uma vez que a operação estava a ser organizada
com envolvimento de elementos das Forças de Defesa e Segurança do Lesotho.
Foram lhes fornecidas armas e uma viatura que os transportou até ao local da
operação.
Os quatro moçambicanos terão sido abatidos durante a troca de tiros que se
seguiu à reacção da guarda militar posicionada na residência do
primeiro-ministro sutho, sendo que um quinto moçambicano foi ferido, tendo sido
detido e conduzido a uma prisão local. Interrogados pela Polícia, os quatro
moçambicanos detidos na RAS confirmam ser militares que passaram à
disponibilidade.
Informações não confirmadas referem que o grupo era composto por trinta
elementos, entre moçambicanos, sul-africanos e suthos, razão por que a Polícia
acredita que haja pelo menos dezassete indivíduos ainda a monte, uma vez que
entre os mortos e feridos totalizam 13 os mercenários neutralizados pelas
autoridades.
Com relação aos procedimentos que o Estado moçambicano está a considerar para
garantir a defesa judicial dos cidadãos presos, Fernando Fazenda disse que a
equipa enviada ao Lesotho tem mandato para assegurar que o seu julgamento seja
feito com respeito às leis internacionais.
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