Canal de Opinião
por Manuel de Araújo
Como era de esperar o Conselho Constitucional homologou a decisão da Comissão Nacional de Eleições (CNE) de excluir os 14 partidos às eleições de 28 de Outubro de 2009! É motivo para dizer que em Moçambique funciona a “democracia e diplomacia bipolar armada”, ou seja, que sem força (militar) a democracia e diplomacia no nosso país é letra morta e/ou são iguais a zero! Oxalá os actores, quer internos, quer externos tenham aprendido a lição!
Confesso que não entendi muito bem porque cargas de água os excluídos não se fizeram à rua quando a CNE os excluiu, sabendo que essa era a única arma que tinham!
A Frelimo tem a experiência, o apoio da luta armada de libertação nacional. A Renamo tem a experiência e o apoio da luta pela democracia. Infelizmente, a chamada terceira força, só pode ter a força e legitimidade se se socorrer das lições e dos ensinamentos do 5 de Fevereiro! Ou seja, a rua terá que ser a sua Nachingweia e o seu Maringue!
Será que acreditavam que o CC do Doutor Luís Mondlane daria uma chapada na cara da CNE do também Doutor Leopoldo da Costa? Não estava claro que as mudanças no Supremo, Constitucional e Administrativo tinham um único objectivo? Quem nomeou e quem escolhe a música a ser bailada? Será que, ainda, não está claro para a nossa oposição emergente que a sua única saída residia no levantamento das massas urbanas contra o sistema logo que foi excluída?
E os doadores, ainda, não perceberam que eles são bem vindos enquanto alimentarem os esquemas de corrupção das elites no poder e na oposição formal, mas que quando questionam as regras democráticas do status quo bipolar armado são acusados de arrogantes e de estarem a interferir em assuntos internos de um estado cuja soberania reside nos próprios doadores? Ou cada um finge que não vê? E que no fim de quatro anos, os nossos 'amigos' 'bazam' para outras paragens, mais verdejantes em carreiras pomposas e os trocos vão para as contas nas varias suíças deste mundo, enquanto o meu povo continua amordaçado e morrendo de malária, SIDA, cólera e corrupção?
Não chega de continuarem a enganar o meu povo de que estamos juntos! De facto, a paz teve um preço e a comunidade internacional pagou alto (em cash)!
Agora cabe ao povo moçambicano pagar a sua factura -submetendo-se a dupla ditadura armada! Não será esta a única lógica possível?
Já que estamos onde estamos e a maré parece estar limpa no alto mar, permitam-me olhar um pouco mais para o horizonte imediato: os doadores darão umas palmadinhas nas costas dos excluídos, aconselhando-lhes que haverá sempre uma próxima vez, e os excluídos que não têm onde chorar têm agora cinco opções:
(a) aceitar pacificamente a decisão e humildemente ir buscar as quinhentas que já fazem falta no Gilé,
(b) Convocar manifestações de repúdio à decisão (que a nosso ver deveriam ter acontecido quando foram excluídos pela CNE para influenciar a decisão do CC, pois esta é/era a única força que tinha para forçar um volte face) e
(c) retirar-se do processo por já estar viciado
d) Apelar a abstenção total;
e) Apelar a abstenção nos círculos onde foram excluídos, continuando na farsa.
E o resto continua como dantes, para manter a paz, o crescimento económico e quem sabe um dia, se Deus quiser a democracia!
No entanto, nós, outros, continuamos no alto mar, a pescar e com muitas saudades do CC dos Drs Rui Baltazar, Teodato Hunguana e fauna acompanhante!
Um abraço patriótico. (Manuel de Araújo)
CANALMOZ – 30.09.2009
NOTA:
Caro Manuel de Araújo
Tudo isto tem uma "pequena" finalidade: Que a FRELIMO ganhe por maioria de 2/3 para poder mudar a constituição. Mais nada. E a finalidade é...
Adivinhe quem quiser!
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE
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