1. Hoje o Brasil comemora o dia de sua independência. Portugal via separar-se de si um grande e ousado filho; um novo país surge.
Surgia o Brasil como nação soberana. Portugal com esse fato, ficou ainda maior.
Enfim, o Brasil tornou-se, hoje, o maior país da grande Pátria Lusófona, com seus 195.000.000 de habitantes, correspondendo a 75% dos lusófonos do mundo. A matriz está em Portugal, mas a “liderança” estratégica informal está no Brasil. Ou melhor: temos uma liderança compartilhada...
Os outros 7 países lusófonos, incluindo Portugal e os luso-falantes da diáspora, possuem juntos, 67.000.000 de falantes.
O Brasil é, sem sombra de dúvida, uma das grandes marcas que honram a lusofonia, e, portanto, a Língua Portuguesa. Portugal deveria comemorar a Independência do Brasil.
Com todas as suas mazelas, as mesmas que, aliás, incomodam todos os países contemporâneos, o Brasil é um país de grandes riquezas, de grande produção intelectual e de grandes perspectivas.
A independência do Brasil é uma marca lusófona.
2. A todo o momento, nos quatro cantos deste país continental, ouve-se e fala-se a bela Língua Portuguesa, na boca de seus 195.000.000 de falantes.
A cada dia, imprimem-se aqui centenas de livros, editam-se centenas de grandes e médios jornais e propagam-se para todo o globo, via ondas hertzianas, muitos milhares de programas de rádio, de televisão e milhões de comunicação via Internet, veiculados na nossa bela, forte e versátil língua de Camões, de Vieira e de Pessoa.
A Língua Portuguesa do Brasil é uma questão de geopolítica internacional. Não é questão de mesa de bar.
3. A Literatura Brasileira é riquíssima, em poesia e prosa
A literatura brasileira é uma das marcas de grande viabilidade e visibilidade de nossa Língua comum, a Língua Portuguesa. Aliás o Brasil, como um todo, enriquece significativamente a nossa LÍNGUA COMUM.
Por despeito, por desfeita ou por simples ignorância e arrogância, vemos alguns portugueses, declararem que a Língua Portuguesa do Brasil não enriquece mas empobrece(?!) a Língua Portuguesa. Isto é uma afronta. Como alguém desdenha da língua de um contingente de 195.000.000 de falantes?!
Não menos afrontoso e até cruel, é ler isto, em respeitáveis veículos de comunicação.
Isto é uma marca de puritanismo míope ou caolho. É falta grave de desconhecimento da língua e da política do idioma.
4. Incomoda até as pedras, alguém, em Portugal (?!) desdenhar de uma potencia continental da legítima Língua Portuguesa. Querem até questionar se o Brasil fala a Língua Portuguesa (?!).
Pois eu lhes digo, de plena consciência, sob a responsabilidade de meus títulos acadêmicos e de mais de 40(quarenta) anos de vida universitária, com vivência no Brasil e em Portugal:
O Português do Brasil é tão legítimo como o Português de Portugal. Isto é, terminantemente inquestionável. As diferenças são variantes de um mesmo sistema. Precisamos pensar com a razão e não com o preconceito. Esta é uma questão científica; mas é também social e geopolítica.
Insisto: há mais variações lingüísticas, em Portugal, do que no Brasil. Desafio quem possa me provar o contrário, cientificamente. Senhores, precisamos estudar mais... Quem tiver outros dados, compartilhe-os, por favor. Vamos colocar as cartas na mesa...
Foi uma triste descompostura o que se falou sobre esta questão, ao criticar o Acordo Ortográfico, que alguns, despudoradamente, chamaram DesACORDO. Se for brincadeira, é brincadeira de mau gosto.
Novo Acordo Ortográfico in:
(http://tribunatropical.blogspot.com/2009/08/acordo-ortografico-i)
A Nova Ortografia e os Velhos do Restelo in:
(http://tribunatropical.blogspot.com/2009/06/um-debate-vital-e-oportuno)
5. Em síntese permitam-me fazer uma declaração, no contexto da soberania linguística:
Eu, português de quatro costados, e de raízes milenares dou testemunho do que vejo, sei e sinto, dos dois lados do Atlântico que nos une:
a) A Língua Portuguesa do Brasil é, inquestionavelmente, a Língua Portuguesa legítima. Tem a mesma legitimidade da Língua Portuguesa de Portugal. As variações são absolutamente normais, em todas as línguas. A variante brasileira é enriquecedora.
b) A Literatura Brasileira enriquece, sobremaneira, as literaturas de Língua Portuguesa. Não é uma literatura secundária, não. Nem isto se cogita. Se for pelas dimensões, poderíamos dizer que “secundária” é a literatura de Portugal, o que também seria inadmissível de aceitar. As duas caminham juntas, sem se confundirem. Somam e não dividem.
c) No Brasil, desde sempre, houve declarações sinceras e sonoras de amor à Língua Portuguesa.
Lembro, só para exemplo, a grande escritora, Lígia Fagundes Teles, que declarou, em Conferência na Câmara dos Deputados, Comemorativa dos 500 Anos de Descobrimento: “Eu amo de paixão a Língua Portuguesa”.
Aproveitando uma imagem de Lígia, digo: A Língua Portuguesa do Brasil e a Literatura Brasileira são pedras preciosas que ornam a mesma e grande coroa da Língua Portuguesa.
d) A Língua Portuguesa é a força motriz da grande Pátria Lusófona, de 260.000.000 de falantes, espalhados pelos quatro cantos do mundo.
e) A Língua Portuguesa é, efetivamente, um imenso patrimônio imaterial da humanidade. Deve ser respeitada por todos.
f) Defender e cultivar a nossa Língua é questão de preservação da soberania nacional. Temos, no Brasil, grandes e sinceros cultores da Língua Portuguesa, como os temos em Portugal.
6. Portugal precisa restaurar suas forças e recuperar sua auto-estima, para andar, de cabeça erguida, lado a lado, com os demais países lusófonos. Assim, todos juntos, poderão dar mais visibilidade e vigor à Lusofonia, cada um a seu modo, com o seu próprio rosto.
Para todos os países lusófonos, o Brasil, (apesar de sua mazelas), com toda a sua natural vitalidade e versatilidade, é uma lição de vida e de desenvolvimento.
Independentemente do inquilino de plantão, no Palácio do Planalto, o Brasil é uma grande lição de ousadia, que herdou dos ousados Bandeirantes. O Brasil é o país dos Bandeirantes.
JJorge Peralta