Em causa está artigo sobre a campanha de Guebuza
Na edição passada do Canal de Moçambique publicámos um artigo a reportar a paralisação dos serviços públicos em Tete, durante dois dias, para dar lugar à campanha eleitoral do candidato presidencial da Frelimo, Armando Guebuza. A informação não agradou à chefe de Relações Públicas do Governo provincial local, que achou que a melhor forma de reagir, seria ameaçar o repórter do semanário da Imprel, Lda, Canal de Moçambique, estacionado em Tete, e que foi o autor do artigo em causa.
A referida chefe das Relações Públicas Públicas do Governo Provincial de Tete, identificada apenas pelo nome único de Sandra, lançou ameaças ao nosso correspondente na província de Tete, durante uma conferência de imprensa realizada segunda-feira última, no Instituto Agrário de Tete. O encontro foi dirigido por Eduardo Mulémbwè, chefe da brigada central da Frelimo em Tete e presidente da Assembleia da República. Quando o nosso repórter chegou ao local, por coincidência, dirigiu-se à chefe das Relações Públicas do Governo Provincial de Tete, para saber qual era o lugar reservado à imprensa. Só que, apercebendo-se de que se tratava do mesmo jornalista autor do artigo que reportava a campanha de Guebuza e em que se escreveu que a campanha de Guebuza obrigou ao encerramento das instituições públicas em Tete, para a mobilização de todos os funcionários do aparelho do Estado para o comício, esta se insurgiu contra o nosso repórter.
“Você é o tal jornalista do Canal de Moçambique? É você que escreveu sobre a tolerância do ponto na ciadade de Tete para dar lugar a campanha do camarada Guebuza?”, questionou ao nosso repórter, a chefe de Relações Públicas em Tete, que não conseguimos apurar a sua identidade completa. Apenas sabemos que é Sandra.
Depois de receber respostas afirmativas, do nosso repórter, a chefe de Relações Públicas do Governo de Tete prossegui com mais questões: “Mas como chegaste ao ponto de escrever mentiras? “Escreveu que o camarada Guebuza chegou em Tete as 14h30, quando na verdade ele entrou na cidade quando eram 15h. Sabes que podes comprometer o teu futuro pelo que escreves? Tu podes parar na cadeia. Veja só a sua idade... és tão jovem!”.
Perante o facto do jornalista do Canal de Moçambique não ter reagido emotivamente como talvez fosse o desejo da chefe de Relações Públicas na Direcção Provincial de Tete ela parou com as ameaças, e intimidações, mas ficou o aviso.
A única preocupação da senhora Sandra, parece ser a hora em que Guebuza chegou a Tete. Ela diz que não chegou 14horas e 30minutos, mas sim 15 horas. Mas esta não é a questão de fundo que reportamos no nosso artigo. O que escreveu foi que de facto “nos dois dias em que Guebuza esteve em Tete, quase que não houve atendimento ao público nesta cidade”. As instituições do Estado pararam por força de instruções superiores. Aliás tal será certamente o mesmo caso dos chefes das brigadas do partido Frelimo que se encontram nas províncias provenientes de Maputo, onde tudo se encontra praticamente paralisado nas instituições do Estado.
Quando ameaça a prisão o nosso correspondente, cheira a intimidação inademissivel num Estado de Direito que defende a liberdade de imprensa. (Redacção e José Mirione)
CANALMOZ – 30.09.2009
NOTA:
Quem duvida que a FRELIMO é o Estado e o Estado é a FRELIMO?
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE