Corrupção na extinta DNEP (ANE): Ex-director nega ligação com fraude

O antigo Director Nacional de Estradas e Pontes, Carlos Fragoso, nega ter recebido “luvas” da firma britânica Mabey and Johnson para facilitar a sua contratação em empreitadas no país. Carlos Fragoso é citado na edição do último sábado do jornal londrino “Guardian” como tendo recebido, enquanto gestor da DNEP, cerca de 285 mil libras de suborno pago por aquela empresa, a troco de favores para ganhar contratos em Moçambique.
Abordado ontem pela nossa Reportagem, Carlos Fragoso disse que tudo constituía novidade para ele, e que soubera da acusação através dos órgãos de comunicação social, pois nem como Director Nacional de Estradas e Pontes, nem mais tarde, como Presidente do Conselho de Administração da Administração Nacional de Estradas (ANE) fora abordado a respeito de algum negócio do género.
“Tudo o que lhe posso dizer agora é que não conheço nada desse assunto. Ainda estou a digerir a informação, de tal forma que nem lhe posso dizer o que vou fazer perante essa situação. Preciso me encontrar comigo mesmo, antes de me pronunciar sobre o assunto”, disse.

O nome de Carlos Fragoso consta de uma lista de doze responsáveis e individualidades de seis países onde a Mabey and Johnson trabalhou, que alegadamente receberam alvíssaras daquela firma para viciar concursos públicos a seu favor. A firma britânica, que admitiu ter pago os aludidos subornos, foi condenada pelo Tribunal de Southwark a pagar 6,5 milhões de libras, incluindo multas e reparação dos danos causados aos governos dos países envolvidos nas negociatas.
O maior jornal diário ganês, “The Statesman”, publica na sua edição de ontem um relatório pormenorizado sobre o assunto, no qual o nome de Carlos Fragoso volta a ser citado, desta feita associado a outro moçambicano, Américo Fortuna, na altura director-adjunto num dos departamentos do Ministério dos Negócios Estrangeiros que lidava com a selecção de empreiteiros para obras públicas.
O dossier divulgado pelo “The Statesman” indica que durante a década de

1990 a

Mabey and Johnson assinou vários contratos de empreitadas em Moçambique, sobretudo na província da Zambézia, num valor aproximado a seis milhões de libras.
O relatório, apresentado em sede do Tribunal, dá conta de que Américo Fortuna terá recebido mais de 42 mil libras pela sua participação no esquema de favores à firma britânica, valores que lhe terão sido pagos por via de um conjunto de empresas com as quais Américo Fortuna aparentemente mantinha fortes ligações.
Relativamente aos valores pretensamente pagos a Carlos Fragoso, o documento indica que os mesmos foram transferidos para uma conta bancária aberta num banco suíço, em seu nome.

MOÇAMBIQUE HOJE – 29.29.2009