A MABEY and Johnson, empresa especializada na construção de pontes, tornou-se na primeira companhia britânica a ser condenada por suborno de políticos estrangeiros, incluindo responsáveis angolanos e moçambicanos, noticiou ontem o jornal “The Guardian”, citado pela agência LUSA.
De acordo com as fontes, um tribunal londrino revelou sexta-feira a identidade de 12 pessoas de seis países que terão recebido subornos da Mabey and Johnson para garantir que a construtora ganhasse diversos contratos de construção de pontes em diferentes países. Entre as pessoas nomeadas pelo jornal “The Guardian”, figuram dois angolanos, António Góis, antigo director-geral da agência estatal angolana de pontes, que terá recebido subornos no valor de 1,2 milhão de dólares, e João Fucungo, antigo director do mesmo órgão, que terá encaixado 13 mil dólares.
O jornal cita também o moçambicano Carlos Fragoso, antigo presidente da Direcção Nacional de Estradas e Pontes de Moçambique (DNEP), que alegadamente terá sido aliciado com 286 mil libras para favorecer a concessão de contratos à empresa inglesa.
Segundo a mesma fonte, as restantes nove pessoas envolvidas no processo são oriundas do Gana, Madagáscar, Jamaica e Bangladesh, todas elas com cargos políticos de relevo.
A Mabey and Johnson declarou-se culpada das acusações de corrupção, numa decisão inédita no Reino Unido, que levará ao pagamento de mais de 6,5 milhões de libras entre multas e compensações aos governos estrangeiros envolvidos.
A empresa anunciou que, no seguimento do processo, irá promover uma reforma, parar de fazer pagamentos corruptos e despedir cinco executivos. Timothy Langdale, responsável da Mabey and Johnson (empresa que pertence a uma das famílias mais ricas do Reino Unido), garantiu que vai nascer "uma nova companhia".
As autoridades britânicas concentram-se agora no processo movido contra a BAE, gigante britânico da indústria do armamento, que tem até quarta-feira para se pronunciar sobre as acusações que recaem sobre si pela mesma suspeita de práticas de corrupção sobre políticos estrangeiros.