Elevou-se para 90 o número de mortos na Guiné, durante protestos da oposição na capital, Conakri.
As forças de seguranças usaram gás lacrimogéneo, bastonadas e balas verdadeiras para dispersar as cerca de 50 mil pessoas que participavam em protestos contra o Capitão Moussa Dadis Camara.
Camara subiu ao poder através de um golpe de estado no ano passado, poucas horas depois da morte do ex-presidente Lasana Conté, e, ao contrário do que afirmou inicialmente, estará a planear concorrer às eleições presidenciais de Janeiro próximo, situação que terá despoletado os protestos.
Atirar a matar
Fontes hospitalares em Conacri descreveram cenas de carnificina a um repórter da BBC, que diz que apesar dos manifestantes se terem dispersado, existe agora uma forte presença militar nas ruas da capital onde foram instalados vários postos de controlo.
A atmosfera é descrita pelo repórter como "muito tensa e estranha", com pouco trânsito a circular nas ruas.
Estes números ainda não foram oficialmente confirmados e as autoridades de Conacri ainda não se pronunciaram sobre o ocorrido.
Mobilizados
Para o líder do NDF, da oposição, Moctar Diallo, os protestos vão continuar até que Camará renuncie ao poder:
"O povo da Guiné quer que ele se vá embora. Não se trata de saber se vai ser candidato ou não, trata-se da saída de Dadis. Dadis têm de saír e o povo vai pedi-lo até que tal aconteça".
Para o líder da União das Forças Democráticas da Guiné, Dalein Diallo, o objectivo dos manifestantes é a instauração da democracia:
"Temos de ganhar a liberdade, a democracia começa hoje a ganhar forma. Estamos a construir uma verdadeira democracia no nosso país. Continuaremos mobilizados", prometeu o líder da oposição.
Entretanto a França, antigo poder colonizador da Guiné, já reagiu aos acontecimentos tecendo fortes críticas à repressão violenta daquilo que teria sido um comício pacífico da oposição.
O ministro dos negócios estrangeiros francês exigiu igualmente a libertação imediata e incondicional de todos os elementos da oposição detidos durante os protestos.
Vários correspondentes sugerem que este é apenas o primeiro de uma série de protestos que se esperam venham a ocorrer nos próximos meses, à medida que parece crescer o sentimento de oposição ao Capitão Camará e às lides militares.
BBC – 29.09.2009