NA MENSAGEM FINAL DO SEU II SÍNODO REALIZADO NO VATICANO
A mensagem final do II Sínodo dos Bispos dedicado a África exortou os líderes católicos do continente que não têm “sabido desempenhar correctamente o eu serviço” a arrependerem-se ou a demitirem-se, “deixando de escandalizar o povo e denegrir a imagem da Igreja”.
É muito animador saber que a causa da beatificação do antigo Presidente tanzaniano Julius Nyerere já está em andamento, diz o documento, segundo o qual “a África precisa de santos nos altos cargos da política: políticos santos que limpem o continente da corrupção, trabalhem para o bem do povo e galvanizem outros homens e mulheres de boa vontade, que estão fora da Igreja, a fim de que todos dêem as mãos na luta comum contra os males” que assolam o continente.
O Sínodo recomendou a criação de capelanias específicas para os detentores de cargos públicos e a organização de “centros de coordenação de alto nível para evangelizar as câmaras parlamentares”.
A mensagem aprovada sexta-feira no Vaticano, no fim de uma reunião de três semanas, não especifica os políticos católicos que “infelizmente” não têm agido correctamente, mas tanto o correspondente da BBC como a do New York Times afirmaram que o Presidente do Zimbabwe, Robert Mugabe, e o angolano, José Eduardo dos Santos, são acusados pelos seus críticos de actos de corrupção.
“A África é rica em recursos humanos e naturais, mas grande parte do povo continua a arrastar-se no meio da pobreza e de misérias, de guerras e conflitos, de crises e desordens. Estas raramente são consequência de desastres naturais, mas devem-se em grande parte a decisões e acções humanas levadas a cabo por pessoas que não se interessam pelo bem comum, muitas vezes numa trágica e criminosa cumplicidade de dirigentes locais com dirigentes estrangeiros”, diz a mensagem.
Guerras, SIDA e pena capital
Os bispos africanos apelaram sábado ao fim das guerras em África e à abolição da pena de morte em todo o mundo, pedindo ainda que os doentes de SIDA neste continente tenham acesso a tratamentos iguais ao que existem na Europa.
Estas solicitações estão incluídas nas 57 propostas que os 244 prelados que assistiram ao II Sínodo de Bispos para África entregaram ao Papa Bento XVI no domingo, marcando o encerramento oficial do Sínodo.
Os prelados condenaram o aborto e exigiram a defesa da vida desde o momento da concepção até à morte natural, bem como a defesa da família baseada no casamento entre um homem e uma mulher.
Num desses documentos é condenado o comércio de armas e pedida a aplicação de leis internacionais sobre a imigração de maneira justa “e que não discriminem os africanos”.
Os bispos pedem aos líderes africanos para evitarem, através de leis adequadas, a fuga de cérebros para o estrangeiro e que defendam o ambiente.
Advogam também uma maior estima pelo papel da mulher africana, “cuja dignidade e contributo à sociedade e à família não é plenamente reconhecido”.
(J. H. & Redacção)
CORREIO DA MANHÃ – 26.10.2009