Em Maputo lidera
Guebuza e Frelimo
Maputo (Canalmoz) – Às cinco horas da manhã de hoje ainda não havia
dados que permitissem avaliar o desfecho que poderão ter as eleições gerais
(presidenciais e legislativas) e provinciais ontem realizadas. No Maputo estava
confirmado que o candidato à presidência Armando Guebuza liderava o escrutínio,
claramente e por confortável margem. Daviz Simango, presidente do MDM seguia em
segundo lugar na proporção de 70% para o actual chefe de Estado e 30% para o
presidente do MDM. Afonso Dhlakama, líder da Renamo, corria o risco de não
ultrapassar os 20 votos em várias assembleias de voto. Isto na capital do País.
O MDM em Maputo também estava em certas assembleias com resultados
surpreendentes que nunca o líder da Renamo ousou ter desde que em 1994 foi
introduzido o multipartidarismo em Moçambique.
Em Chimoio, cidade cimento, Guebuza também ia à frente. Na capital
provincial de Nampula, zona de cimento, idém. Mas na Beira era Daviz Simango
quem levava grande vantagem. E na periferia das cidades estava tudo por
decidir.
Várias fontes ligadas ao escrutínio paralelo aconselhavam que não se
fizesse qualquer prognóstico quanto ao desfecho das presidenciais. Nem mesmo
nas hostes do partido Frelimo, onde reinava uma certa confiança, se podia
sentir que estivesse afastada a hipótese de uma segunda volta.
Em certas zonas do país alguns resultados levavam a crer que uma segunda volta entre Guebuza e Daviz Simango poderia vir a ter de ser disputada. Mas de outras zonas chegavam-nos notícias de que Afonso Dhlakama, apesar de ter sofrido a sua mais humilhante derrota em Maputo, ainda poderia surpreender quando o voto rural começasse a entrar.
Por isso o mais aconselhável é os três candidatos para já não cantarem
vitória.
Já o mesmo não se poderá dizer das legislativas e das provinciais, onde
a Frelimo tudo indica que possa vencer com um confortável resultado, por fora
da exclusão imposta pela CNE aos vários partidos, designadamente ao MDM e até a
própria Renamo, como nos dá conta nesta edição o delegado na Beira do partido
de Dhlakama.
Com os demais partidos banidos cirurgicamente a Frelimo era à partida virtual vencedora e
nada faz crer que esse vaticínio não se venha a concretizar. (Fernando Veloso)
Eleições com
balanço por fazer
Maputo (Canalmoz) – Realizaram-se ontem em Moçambique as quartas
eleições gerais – presidenciais e legislativas – simultaneamente com as
provinciais. Na cidade de Maputo só se votou para se eleger o presidente da
República e a Assembleia da República, visto que aqui não haverá assembleia
provincial. Em todas as outras províncias votou-se também para as assembleias
provinciais.
As urnas abriram oficialmente às 07h00 de ontem, houve problemas
logísticos em algumas assembleias mas o balanço desses casos ainda está por se
fazer.
O encerramento das urnas deveria ter ocorrido às 18 horas de ontem, mas
em certas partes do País a morosidade do processo foi tal que a essa hora ainda
havia filas enormes em algumas assembleias de voto. Por essa razão, na Beira e em
Nampula, depois das 18 horas ainda se votava. Foram distribuídas senhas aos
eleitores que chegaram às assembleias de voto antes das 18 horas e às 23 horas
ainda havia onde se votava.
Ainda ontem quisemos ouvir o STAE mas este não se colocou à disposição
da Imprensa para esclarecimentos. Prometeu fazê-lo hoje. (Redacção)
Sofala
Governador invade
assembleia acompanhado de comandante da PRM
Beira (Canalmoz) – O governador de Sofala, por volta das 20 horas de
ontem, invadiu, na Beira, uma assembleia de voto situada na Escola Primária
Completa das Palmeiras, acompanhado do comandante provincial da Polícia da
República de Moçambique, Zacarias Cossa e escoltado por oito homens fortemente
armados da Força de Intervenção rápida.
Não havia qualquer tipo de desordem.
Mais de meia centena de eleitores que aguardavam há várias horas o
momento de poderem exercer o seu direito cívico de votar, foram forçados a
debandar o local de votação para o outro lado da via que serve a escola, por
recearem ser violentados. Foram entretanto impedidos de votar.
A lei prevê que não pode haver policias armandos a menos de trezentos
metros das urnas.
O incidente impediu de votar várias dezenas de eleitores.
Cerca das 21h30 chegou ao local o ministro da Energia, Salvador
Namburete. (Edwin Hounnou)
Sofala
Renamo acusa CNE
de a ter excluído das “provinciais”
Beira (Canalmoz) - O delegado da Renamo na cidade da Beira, Faque
Feraria, contactou ontem a nossa delegação nesta cidade para manifestar a sua
surpresa e indignação com relação à sua exclusão das eleições para as
assembleias províncias em 11 distritos da província de Sofala. Mas este é
apenas o prenúncio do despertar da “perdiz”, que andou aos “beijinhos” com a
Frelimo na estratégica de exclusão do MDM (Movimento Democrático de Moçambique)
e de outros partidos políticos que tentaram impugnar, sem sucesso, junto do
Conselho Constitucional (CC), da decisão da CNE (Comissão Nacional de
Eeleições) que os colocou fora da corrida, alguns parcial, outros totalmente, e
agora está ela própria a queixar-se do mesmo.
Faque disse que o seu partido está agastado com a CNE, porque, segundo
ele, em nenhum momento os informou sobre o assunto.
De acordo com o delegado da Renamo na Beira só ontem, dia das eleições,
a “perdiz” tomou conhecimento de que estava excluída de todos os distritos da
província, menos dois. “Estamos excluídos de todos os distritos de Sofala, à
excepção de Cheringoma e Beira”, disse-nos indignado Faque Feraria.
Acrescentou que “isto mostra claramente uma manipulação da CNE, pois a
Renamo nunca fora informada sobre quaisquer irregularidades na província de
Sofala”.
Ao perguntarmos ao nosso interlocutor que passos a Renamo irá seguir
tendo em conta que a votação era só ontem e nada mais aparentemente havia a
fazer para evitar-se a consumação da exclusão, Faque Feraria disse que a
decisão será tomada ao nível da cúpula da “perdiz”. (Adelino Timóteo)
Daviz Simango
coloca tudo nas mãos de “Deus”
Beira (Canalmoz) - O candidato do MDM às eleições presidenciais, Daviz
Simango, quando ontem o Canalmoz o convidou a fazer um prognóstico sobre o
desfecho eleitoral disse: “deixo tudo nas mãos de Deus”.
Daviz Simango falava pouco depois de ter votado na Escola Primária das
Palmeiras. Quando questionado se alguma vez teria sonhado ser presidente da
República afirmou que é um pressuposto resultante da Constituição da República
que assiste a qualquer moçambicano que se submeta a sufrágio.
Interrogado se esperava vencer a eleição presidencial, Daviz Simango
referiu que deixou tudo “nas mãos de Deus”.
Simango é um político e religioso, seguindo um repto familiar. Seu pai
era reverendo. Uria Simango, era um devoto crente de Deus. Viria a ser
assassinado a mando do Partido Frelimo
juntamente com a sua esposa e mãe do candidato do MDM, Celina Simango.
Até à hora em que elaboramos este artigo (02:00 horas desta madrugada),
em resultado de uma ronda efectuada pelas assembleias de voto na cidade da
Beira apurámos, numa contagem parcial, que Daviz Simango seguia à frente, com
Guebuza em segundo lugar. Na última posição estava Afonso Dhlakama.
Por exemplo, na assembleia de voto 0085, na Munhava, resultados parciais
davam
Na assembleia de voto 0112, Munhava, Daviz Simango seguia em frente com
349, seguido do actual chefe de Estado Armando Guebuza, com 76 votos, e
Dhlakama com 28. Nessa mesma assembleia o partido MDM tinha 253 votos, contra
76 do Partido Frelimo
O processo de contagem prosseguia madrugada adentro. Nas mesas da
chamada zona urbana de cimento, os resultados parciais indicavam claramente uma
tendência de voto favorável a Simango e ao MDM em primeiro lugar, seguido de
Guebuza e da Frelimo, respectivamente, e por último a Renamo.
Na cidade da Beira, regra geral o acto eleitoral decorreu de forma
ordeira. Por exemplo, as assembleias 3747, 0079 (Macurungo), 0076 e 0046
(Matacuane) 0074 (Pioneiros), entre outras, registaram grande afluência. Quando
por lá passámos, na noite de ontem, decorria ainda a contagem. Os presidentes
das referidas meses afirmaram que havia inscritos, entre
Já na madrugada de hoje ocorreu um incidente no Macurungo, mais
objectivamente na Escola da Asem. O presidente de uma das mesas havia trocado
os votos dos candidatos mais votados, e só depois de muita animosidade é que
aceitou corrigir.
Situação idêntica ocorreu na Escola do Esturro, onde também uma senhora
pertencente à mesa da assembleia colocou tinta indelével para inutilizar votos.
Também, em circunstâncias não esclarecidas, ocorreram detenções de três
elementos do MDM, que foram levados à Esquadra de Matacuane.
Mais informações sobre o escrutínio na Beira só a partir do meio dia de
hoje estarão disponíveis. (Adelino Timóteo)
Na África do Sul
Imigrantes
“ilegais” votaram pelo agradecimento da legalização
Joanesburgo (Canalmoz) – As eleições da diáspora na África do Sul foram
marcadas por alguma afluência durante o período da manhã, e ao fim da tarde.
A afluência foi razoável. O denominador comum deste movimento às urnas,
no país vizinho, segundo apurou o Canalmoz, tem a ver com o facto, segundo nos
disseram, da promessa do consulado local legalizar a situação de milhares de
moçambicanos passando pela concessão de documentação que lhes permita
circularem à vontade. Isso concretizou-se ainda que não na totalidade. E
segundo apurámos, desde a altura da actualização do recenseamento eleitoral, o
apelo do consulado, foi no sentido de levar os nacionais a legalizarem-se
mediante a promessa de que o governo da Frelimo iria dar passaportes aos que
não tinham.
Essa promessa – cumprida em parte, diga-se – poderá ser indicador dos
resultados a serem apurados, e por isso se comenta que houve manipulação
política por parte dos funcionários consulares.
Documentação e o
efeito Mundial 2010
É senso comum, e os factos assim o explicam, que o governo sul-africano,
pretende que o próximo mundial de futebol, o primeiro a ser realizado no
continente africano, decorra da melhor forma possível. É sabido, e as
estatísticas não desmentem (e os factos também não), que Joanesburgo é uma das
10 cidades mais violentas do mundo.
Uma das medidas que as autoridades sul-africanas vêm promovendo, desde
os tristes acontecimentos xenófobos do ano passado, tem sido procurar saber da
situação dos ilegais, que assim encontrados são devolvidos à sua origem.
Este facto levou a que os milhares de cidadãos nacionais, que vivem em
Pretória, Joanesburgo (desde a terminal de autocarros até aos subúrbios) e
noutros locais ocorressem em massa para se recensearem na actualização do senso
com a contrapartida de verem a sua situação naquele país legalizada. Assim
poderão estar na situação de legais no país que tem hoje Jacob Zuma em frente
dos destinos da “Nação do Arco-Iris”, como também é conhecida a África do Sul.
Na África do Sul zonas há, desde a terminal de autocarros até à estação
central (Park Station) em que é comum a língua portuguesa e outras ramificações
bantu do sul, são as línguas que mais se ouvem.
E isso dá bem uma ideia da quantidade, inclusive de moçambicanos, que
por cá há. Se estiverem legais, melhor.
Angolanos riem-se
da jogada
Entretanto, se os moçambicanos respiraram algum alivio, já os angolanos
que vivem numa alegada irmandade com os seus “kambas”, só se fartaram de rir da
alegada falta de seriedade das autoridades moçambicanas.
“Muitos desse que foram votar também tem documentos sul-africanos”,
disse um angolano ao Canalmoz, em Joanesburgo e explicou-se que durante as
últimas eleições (de 2004) “nós também, por falarmos português teríamos tratado
o passaporte moçambicano”.
A fonte (devidamente identificada pelo jornal) diz que o plano, fácil
que era, não foi avante porque alguém da embaixada “não deixou que angolanos
participassem no processo como fiscalizador com receio que os
denunciassem”. (Luís Nhachote, em
Joanesburgo)
Da votação
pacifica às batotas que mancham o processo eleitoral
Maputo (Canalmoz) – De acordo com o boletim do Centro de Integridade
Pública (CIP) e dos Parlamentares Europeus para África (AWEPA), ontem duas
vezes tornado público (e uma vez esta madrugada), até ao meio da tarde,
mantinham-se grandes filas em muitos lugares deixando prever que muitas
assembleias de voto não se iria votar.
O boletim da AWEPA que há dias foi atacado pelo trabalho das
organizações supramencionadas, pelo director da Agencia de Informação de
Moçambique (AIM), Gustavo Mavie, no diário de papel de maior circulação, o
Noticias, adiantava que “em outros, incluindo nos centros de Maputo e Beira;
Ribaué e Ilha de Moçambique, em Nampula; Macanga, em Tete; e Tambara, em
Manica, havia longas filas quando as assembleias de voto abriram, mas a maior
parte das pessoas votou de manhã e a meio da tarde não havia mais filas. Este
quadro misto é-nos dado pelos nossos 100 jornalistas espalhados pelo país, que
reportaram às 15h00”.
Adiantava o CIP e a AWEPA que em Nacala, até por volta das 12 horas de
ontem, algumas mesas já não tinham eleitores, sobretudo as da periferia da
cidade, enquanto outras mantinham-se apinhadas de gente.
Em geral, quase todas as assembleias de voto tinham aberto normalmente,
excepto algumas que ainda têm problemas de cadernos eleitorais.
Observadores
presos e corridos da vila em Dombe e Changara
De acordo com a fonte da AWEPA e do CIP, dois observadores nacionais do
Observatório Eleitoral foram presos e corridos das vilas sede dos respectivos
distritos. Em Dombe, Sussendenga, província de Manica, o observador Marceta
Andre Madina queria passar a noite mas foi-lhe dito que não podia ficar durante
a noite. Quando chegou esta manhã à EPC de Machire e apresentou a credencial na
primeira assembleia de voto, o presidente chamou-o de imediato a polícia. E
prendeu-o. Foi algemado, espancado e disseram-lhe que tinha de deixar a vila.
Em Changara, Tete, quando o observador apresentou a sua credencial
foi-lhe dito que não eram reconhecidos observadores. De novo o presidente
chamou a polícia que disse ao observador para abandonar imediatamente a vila.
Deu-se o mesmo em 2004 e, sem observadores nem delegados de partido presentes,
ocorreu um massivo enchimento de urnas.
Cadernos
eleitorais trocados e em falta
Cadernos trocados e em falta estão a ser um problema pelo país fora. Os
correspondentes do CIP e AWEPA davam conta de assembleias de voto que não
puderam abrir na cidade de Maputo (Escola Primaria Filipe Samuel Magaia);
Mucumbura, Tete; Gondola, Manica; Meconta, Nicoadjuni e Namialo em Nampula;
Maringe e Machanga, Sofala; e Cuamba, Niassa.
Em Caia, Sofala, um caderno eleitoral estava numa assembleia de voto a 3
Kms de distância. Alguns eleitores caminharam a distância extra mas outros
simplesmente foram-se embora.
Fazendo campanha
e confusão
Em Muipiri, Machanga, em Sofala, na assembleia de voto 730, reina a confusão,
escrevia ontem o boletim da AWEPA. Ainda há filas muito longas e dirigentes
locais da Frelimo que foram os primeiros a votar esta manhã, voltaram e estão a
falar com as pessoas que esperam na longa fila.
Eleitores com
tinta indelével no dedo esquerdo
Em Nacala, Fernando Antonio Trinta, jovem de 17 anos de idade, esta a
ser alvo de vários questionamentos, por parte da policia e por alguns membros
dos Partidos políticos depois de ter sido surpreendido no bairro de Mathapue,
com tinta indelével no dedo indicador direito. O jovem é filho de António
Trinta, presidente da assembleia da voto, com o numero 1895.
Outra questão surpreendente para grande parte da população de Nacala é o facto de muitos eleitores preferirem pintar o dedo esquerdo, depois de exercerem o seu direito cívico. Muitos eleitores que votaram na Escola Primaria Completa 7 de Abril apresentam-se com tinta indelével no dedo esquerdo. (Redacção com CIP e AWEPA)
CANALMOZ - 29.10.2009