Este insólito começou a desenhar-se cerca das 3.00 horas de madrugada de ontem, quando os camponeses detectaram um movimento estranho na zona. Volvido algum tempo o alerta já se espalhava em todas as comunidades. Afinal um grupo de elefantes tomara a estrada principal e dirigia-se, descontraído, em direcção à aldeia de Mepapa, por sinal onde devia funcionar uma assembleia de voto.
Surpreendidos com a presença de “estranhos convivas”, ainda por cima sem cartões que no mínimo os identificassem com a festa em perspectiva, os eleitores que já se encontravam no local, e outros que ainda se dirigiam àquela assembleia, outra escolha não tiveram que não debandar.
Após a fuga dos eleitores humanos dos membros da assembleia e até dos elementos da segurança, um dos paquidermes ainda teve a “curiosidade” de chegar próximo de uma das mesas de votação, como que para “consultar” os cadernos. Felizmente, não há registo para qualquer vítima humana nem danos nos materiais de votação.
Alertados sobre a indesejável presença, as autoridades em Mandimba tomaram as necessárias providências enviando uma equipa especializada do Departamento de Fauna Bravia para lidar com os “intrusos”. Aliás, foi graças à intervenção deste grupo que os animais acabaram batendo em retirada de forma pacífica e ordeira.
Contactado pelo “Notícias”, em Lichinga, o director provincial do STAE, Elias Novela, confirmou o facto, mas tratou de desdramatizar o episódio sublinhando que o mais importante é que o trabalho decorreu sem sobressaltos após a normalização da situação.
Com efeito, após a retirada dos paquidermes o Secretariado Técnico da Administração Eleitoral no distrito de Mandimba disponibilizou uma viatura para recolher, em todas as aldeias, os eleitores humanos que já tinham desistido de votar. O processo de votação voltou à normalidade naquela assembleia de voto a partir das 14.00 horas.
Entretanto, em Maúa, outro distrito de Niassa, a Polícia está ao encalço de um indivíduo cuja identidade não foi revelada acusado de mobilizar as populações de um círculo eleitoral para não votarem.
Fontes em Maúa disseram ao nosso Jornal que o indivíduo, ainda em fuga terá ameaçado identificar individual e nominalmente todos os moradores da aldeia de Muita, sete quilómetros da sede distrital de Maúa, que fossem exercer o seu direito cívico para depois lhes aplicar severas medidas por terem votado.
Entre essas medidas, segundo relatos de Maúa, incluir-se-ia a destruição das suas habitações através de fogo posto. Até ao fecho desta edição não havia detalhes sobre o assunto, sabendo-se, porém, que quando se apercebeu da movimentação da Polícia com vista à sua detenção o indivíduo pôs-se em fuga, desconhecendo-se até à noite passada o seu paradeiro. São também desconhecidas as possíveis razões que o teriammovido a tomar aquela atitude.- DAVID FILIPE, em Lichinga