A entrada em funcionamento de duas embarcações de maior dimensão e conforto, na travessia entre Maxixe e Inhambane-céu, está a aliviar o sofrimento dos utentes daquela via, que por longos anos vinham atravessando o mar, num percurso de cerca de 3 quilómetros, que separa as duas cidade mais importantes da província, em condições de extrema insegurança, devido à qualidade das embarcações que vinham operando.
Para quem usa esta travessia pela primeira vez pode pensar que foi sempre maravilhosa a ligação entre as duas cidades. Pois se engana. A distância entre Maxixe e Inhambane-céu é de cerca de 3 mil metros mas para percorrer essa escassa distância de baía, chegava a ser necessário despender mais de uma e por vezes duas horas, devido ao nível de obsolescência da maioria dos barcos.
As embarcações mais confortáveis que garantiam a travessia entre Maxixe e Inhambane eram barquinhos a motor (normalmente motores velhos), sem salva-vidas, e, por vezes, sem cobertura. Frequentemente, devido à velhice, os motores iam abaixo no meio do percurso, isto é, no meio do mar. Imagine-se com que sensação ficava quem não sabe nadar? Num possível naufrágio, era, obviamente, salve-se quem puder! Em caso da chuva, durante a viagem, que como disse, chegava a durar mais de uma hora, era só molhar! As pessoas chegavam aos destinos encharcadas.
Molhavam-se também os passageiros, mesmo sem chuva, com água do mar que entrava no barco. Os furos, reflexos do cansaço da madeira, eram visíveis. O medo era terrível.
A alternativa a estes barquinhos, de uma lotação não superior a 20 passageiros, eram outros barquinhos bem piores! Barquinhos à vela, com condições de segurança mais precárias do que os primeiros. Cientes desta precariedade, os proprietários dos barquinhos à vela cobravam tarifa única de 5 meticais, por pessoa, contra 12,5 meticais cobrados nos barquinhos a motor velho.
Sobre as ponte-cais, tanto do lado de Maxixe, quanto doutro lado da baía, atravessá-las era um verdadeiro terror, principalmente nestes últimos tempos em que estiveram em reabilitação.
Recorde-se da triste notícia de uma senhora que caiu com a madeira de simbire, que constituía a ponte-cais de Maxixe, e precipitou-se para o mar! O triste cenário se deu em pleno dia 4 de Outubro de 2008.
Agora esta situação mudou completamente. Duas novas embarcações, que os moradores de Maxixe e Inhambane-céu, tanto esperavam, já estão a operar.
Agora atravessar de uma cidade para a outra, passou de martírio, para luxo total. As duas embarcações disponibilizadas vieram impor, para além de condições de travessia, mais seguras e cómodas, a concorrência aos operadores privados, que se viram obrigados, ou a retirar os seus podres barquitos, ou a reabilitá-los e reequipá-los de todos elementos de segurança, como salva-vidas, extintores de incêndio, etc.
O preço do bilhete para a travessia também foi uniformizado. Antes variava de
Horário de funcionamento estendido
A hora do funcionamento dos barcos estendeu-se. Antes iniciavam às 6 da manhã, para terminar às 18 horas. Agora iniciam por volta de 5 da manhã, para recolherem às 23 horas. Os estudantes do pós-laboral, na Escola Superior da Hotelaria e Turismo, na cidade de Inhambane, que residem em Maxixe, já não são obrigados a arrendar quartos para passar as noites durante a semana. O mesmo sucede com os estudantes do pós-laboral na Universidade Pedagógica Sagrada Família, em Maxixe, que residem na Cidade de Inhambane. Foi um verdadeiro fim do martírio!
(Borges Nhamirre) – CANALMOZ – 27.10.2009