“A estagnação mantém-se”, disse Gordon Moyo, vice-ministro do governo de Tsvangirai, depois das três horas de reunião entre o Primeiro-Ministro e o Presidente.
“Amanhã (ontem) não iremos à reunião do governo”, acrescentou Moyo, depois de recordar que o Movimento para a Mudança Democrática (MDC), o partido de Tsvangirai, mantém há mais de 10 dias um boicote às reuniões com membros da União Nacional Africana do Zimbabwe-Frente Patriótica (ZANU-PF), de Mugabe.
A continuação da crise pode pôr em perigo o GUN formado pela ZANU-PF e pelo MDC em Fevereiro passado graças a um Acordo Político Global, que, segundo Tsvangirai, Mugabe e o seu partido violam constantemente.
Moyo disse que, por ora, o MDC recorrerá à Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), que mediou a assinatura do Acordo Político Global e que é o seu garante, para que ajude a procurar uma saída do impasse em que estão actualmente as partes.
A tensão política e a crise no Governo do Zimbabwe eclodiu no passado dia 16, quando Tsvangirai anunciou que o seu partido cortava contactos com a ZANU-PF, de Mugabe, depois da detenção do tesoureiro da sua formação, Roy Bennett.
Tsvangirai acusou o partido de Mugabe de violar o Acordo Político Global ao designar unilateralmente alguns cargos que deveriam ser consensuais e negar-se a dar posse a outros elementos do MDC.
Também acusou a ZANU-PF de perseguir os membros do seu grupo com os aparelhos policial e judicial, que mantém sob controlo.
Mugabe assegurou estar a cumprir o Acordo Político Global e negou dar mais autoridade ao partido de Tsvangirai.
No sábado passado, a Polícia assaltou uma residência do MDC em Harare, onde se alojam altos dirigentes do partido e, segundo os porta-vozes do grupo, roubaram documentos e destruíram parte das instalações, com o argumento de que procuravam armas e explosivos, que entretanto não conseguiram localizar.
Esta semana, aguarda-se em Harare a visita dos ministros dos Negócios Estrangeiros de vários países da SADC (Comunidade de Desenvolvimento da África Austral) para reuniões com Mugabe, Tsvangirai e o vice-primeiro-ministro e líder da facção minoritária do MDC, Arthur Mutambara, para tentar encontrar uma saída para a crise.