O director-provincial de Agricultura da Zambézia, Mahomed Valá, disse há dias à nossa Reportagem em Mocuba, que as áreas para a produção da jatropha encontram-se nos distritos de Namacurra, Mocuba, Mopeia e Morrumbala e tem potencial agro-ecológico para a produção do bio-combustível.
Os distritos de Namacurra, Mocuba e Mopeia vão produzir jatropha enquanto Morrumbala vai dedicar se especificamente a produção da cana-sacarina, sendo ambas propostas para os bio-combustíveis. Para este último, o estudo dos solos já foi feito e confirma que o investimento é realizável, podendo, igualmente, absorver uma grande parte de mão-de-obra excedentária que se encontra no distrito.
As áreas não foram ainda exploradas para actividades agrícolas de grande vulto e espera-se que, caso sejam aprovados os projectos, possam contribuir para o desenvolvimento agrário para os dois distritos que tem muita terra fértil que precisa ainda de outro nível de investimento.
A fonte não revelou os investimentos previstos para os referidos empreendimentos, mas assegurou que em caso de aprovação pelo Governo central vai se concretizar o velho sonho da província da Zambézia de ter uma agricultura empresarial. Alias, segundo disse o próprio director da Agricultura começa a haver muito interesse dos empresários nacionais e estrangeiros em investir no sector agrário na província da Zambézia.
Zambézia possui um grande potencial agrícola que não está a ser devidamente explorado para gerar emprego e criar riqueza. Depois da falência das grandes e médias empresas que haviam sido intervencionadas pelo Estado como resultado da política de economia do mercado, poucos investimentos têm sido canalizados para a província nos últimos anos.
O distrito de Gurué, mais precisamente, nos postos administrativos e localidades de Ruace e Lioma, onde funcionaram os gigantes agrícolas da Zambézia, continua com extensas áreas sem aproveitamento. As populações invadiram as áreas para a exploração de pequenas áreas para uma agricultura de sequeiro, mas há vastas áreas, algumas delas, consideradas virgens que estão à espera de serem exploradas.
O mesmo acontece em relação as áreas de Namilepe e Nauela, no distrito de Alto Molócuè, Muriri, em Morrumbala, Nicoadala e nos regadios de Chacuma e Sombo, no distrito de Chinde. Aliás, os especialistas costumam a dizer nos encontros sobre reflexão para o desenvolvimento da Zambézia que o Vale do Zambeze tem um grande potencial agrícola que quando devidamente explorado pode gerar alimentos para abastecer a região da África Austral.
SINAIS DE RETOMA NO CANAVIAL DE LUABO
Entretanto, começam haver sinais de recuperação da produção da cana-sacarina no Posto Administrativo de Luabo no Chinde. Assim, a Companhia de Sena vai explorar no próximo ano uma área de trezentos hectares para relançar esta cultura de forma a aumentar a capacidade de fornecimento da sua fábrica que está a laborar em Marromeu em Sofala.
O delegado de Produção da Companhia de Sena em Luabo, Alberto Mandice, disse à nossa Reportagem que neste momento estão a ser explorados 63 hectares de uma vasta área que ainda precisa de muitos investimentos para a revitalização da produção do açúcar, havendo para o efeito, condições agro-ecológicas excelentes e capacidade em termos de mão-de-obra para viabilizar o trabalho de produção da cana-sacarina em Luabo.
Luabo tinha antes do início do último conflito armado, uma fábrica de produção de açúcar que ficou completamente destruída durante a guerra. Depois da cessação das hostilidades, a Companhia de Sena começou a se interessar pela recuperação da produção da cana.
A primeira produção, pós relançamento foi escoada para a fábrica de Marromeu para o processamento da cana para a obtenção do açúcar e do etanol, um bio-combustível.
Por dia são transportados para Marromeu 60 toneladas de cana sacarina para o processamento. Os ensaios feitos no ano 2001 dão indicações de que a região tem um grande potencial em termos de recursos financeiros enquanto se pensa na reabilitação da fábrica.
- Jocas Achar