Não posso deixar passar em claro um tema que pouco ou mesmo nada me atrai enquanto matéria sujeita a discussão: Futebol.
No entanto não tenho qualquer duvida de que hoje, além de um mero desporto, emprega milhares de pessoas(senão milhões), envolve milhões de dólares ou do que se trate, e fascina talvez biliões em todo o mundo. Visto deste ângulo, trata-se de um tema importante.
Vi com grande espanto a forma como a França se apurou para o Campeonato do Mundo de Futebol de
Se fosse um ferrenho e tendencioso futeboleiro diria já que toda a gente viu a mãozada de Tierry Henry, menos o árbitro. Naturalmente que não vou entrar por aí pois não é o que pretendo trazer ao leitor. Apenas lembro que a tarefa daquele posto - o de árbitro, é manifestamente ingrato.
Perante o barulho que imediatamente se seguiu; perante a decisão da autoridade europeia em não repetir o jogo, com base nas leis vigentes; mas sobretudo perante as ultimas declarações de Michel Platini,como aliás tantos outros antes já o tinham defendido e onde se pode ouvir uma rajada de argumentos oriundos do séc XVIII, e que se resumem ao facto de, segundo ele, " a introdução de meios técnicos desumanizaria o futebol, porquanto um destes dias poderíamos introduzir robots para jogar".
Bem, sendo assim, o automóvel, o telemóvel, o computador, e mesmo a casa que o Sr Platini usa, em bom rigor, também descaracterizam o género humano, pois tiram-lhe a natural genuinidade!! Eu posso apresentar aos defensores dessa tese, incluindo o Sr Platini, milhões de pessoas em todo o mundo que não são seguramente menos homens que ele, e nunca viram um rádio, uma bola, um automóvel, e continuam vivos e rijos como aço!
Não seria honesto argumentar que ele fala assim porque é Francês, pois as leis são emanadas pela UEFA, presumo que são consertadas com a FIFA, e portanto se ele fosse Turco daria o mesmo.
Deste modo coloca-se aqui a questão fundamental:
O que levará os organismos que tutelam o futebol mundial a "marrar" nesta desculpa quase a roçar a demência, de que só na "bola" é que não é aplicável a tecnologia, e logo num desporto que é tudo menos um jogo "a feijões", onde uma decisão injusta de um árbitro, com certeza involuntária, pode atirar milhões de euros para mãos não merecedoras; pode adiar ou mesmo prejudicar carreiras profissionais de montante incalculável mais os danos morais e a frustração de milhões de aficionados e adeptos??
Esta é uma dúvida que me persegue há muito tempo, e logo eu, que gosto de um bom jogo de futebol mas não me disponho a discuti-lo sob qualquer ponto de vista.
António Oliveira